Já comentei aqui no blog algumas vezes sobre a força da febre dos remakes e das adaptações de histórias em quadrinhos (HQs) na indústria hollywoodiana atual. Desde 2000, com a estreia de X-Men, dirigido por Bryan Singer, parece que os executivos dos estúdios não pensam em outra coisa a não ser buscar nas páginas das HQs histórias e personagens que possam render alguns milhões nas bilheterias.
Salvo alguns fracassos de público e de crítica, o movimento tem sido bem-sucedido. Prova disso é que, ano passado, entre as 10 maiores bilheterias do cinema mundial, duas adaptações de HQs estiveram no topo do ranking, chegando à marca dos bilhões de dólares: Os Vingadores (The Avengers) e Batman: O Cavaleiro das Trevas Ressurge (The Dark Knight Rises).
Considerando esse cenário, o que me surpreende é que outra mídia, tão disseminada e rentável quanto as histórias em quadrinhos, ainda seja subvalorizada no cinema. Estou falando da indústria dos games, que, já há um bom tempo, dá muito mais lucro do que o cinema em si. Quer um exemplo fácil? Em apenas 15 dias, em dezembro do ano passado Call of Duty: Black Ops 2 ultrapassou a marca de 1 bilhão de dólares em vendas nas lojas. Já imaginou algum filme atingindo essa mesma cifra em duas semanas de bilheterias? Difícil.
Dito isto, seria de se imaginar que os executivos de Hollywood jogassem suas garras em cima das franquias mais populares dos videogames para levar esse público consolidado para os cinemas, como já fazem com os leitores de HQs. A princípio, não seria uma tarefa muito difícil. Afinal, muitos games possuem roteiros tão complexos e cativantes quanto muitos filmes por aí. Hideo Kojima e seu Metal Gear Solid que o diga.
Porém, adaptar com sucesso um game para a telona tem se mostrado uma tarefa hercúlea. E, convenhamos, não devido à descrença do público. Mas sim porque nove em cada 10 produções baseadas em games são, na melhor das hipóteses, medíocres. Pra fazer valer minha opinião, lembro no Top 5 algumas destas tentativas, recentes ou não, que fizeram muito gamer largar mão do cinema e partir para algo mais produtivo, como, sei lá, jogar Tetris.
TOP 5: adaptações de games para o cinema que deram game over na telona
Street Fighter – A Última Batalha (Street Fighter, 1994)
Pode até parecer covardia eu citar este filme aqui, mas não poderia deixar passar em branco. Uma das franquias mais populares de todos os tempos, que já havia sido adaptada em animações caprichadas para a TV, é transformada numa aventura pastelão com direito a lutadores abobalhados que mal conseguem ser identificados pelos espectadores. Van Damme interpreta (não sei se “interpretar” seria o verbo ideal) o coronel Guile, que junta uma trupe de desocupados para derrubar o tirano M. Bison. Raul Julia, que faz o dito vilão, não merecia isso.
Resident Evil – O Hóspede Maldito (Resident Evil, 2002)
A série Resident Evil conseguiu fazer carreira no cinema e já tem cinco filmes, acompanhados por uma legião fiel de seguidores. Mas convenhamos. Se você já jogou o game, seja no Playstation 1, 2 ou 3, sabe que há pouca coisa ou quase nada sendo aproveitada de fato nas adaptações para o cinema. O primeiro filme substitui o suspense dos games trazido pelos zumbis por uma inteligência artificial que gera armadilhas mortais. Até poderia ser um filme razoável de suspense/horror, se largasse mão do nome Resident Evil e se assumisse como uma produção qualquer. Eu assisti o primeiro filme e desisti dos outros. Ano passado, decidi dar uma segunda chance para a franquia e fui ao cinema assistir ao quinto-filme, Resident Evil 5 – Retribuição (Resident Evil:Retribution). Saí da sessão com a sensação de ter perdido tempo e dinheiro. Ainda bem que tinha desconto no ingresso.
Max Payne (2008)
Eu sou um fã assíduo da série Max Payne nos videogames. Atualmente, estou atirando para tudo quanto é lado jogando o terceiro game da série, no Playstation 3. Por isso, foi doído ver no que acabou se transformando a adaptação para cinema, que contou com um Mark Wahlberg canastrão na pele do policial atormentado que busca vingança contra os assassinos da mulher e da filha. A história intrincada do game, na tradição noir dos antigos romances e filmes de detetive, com direito a mulher fatal e tudo mais, virou uma trama sorrateira, que não se salva nem como filme policial. O diretor John Moore, responsável pelo quinto filme da série Duro de Matar, tentou emular em várias sequências a estética do game, com bullet time e uma fotografia cinzenta e azulada. Não funcionou.
Doom – A Porta do Inferno (Doom, 2005)
O shotter Doom já é um patrimônio histórico dos games. Anda meio sumido já há um bom tempo, mas mesmo assim não há gamer que não se lembre ou que não o tenha jogado em algum momento. Os corredores claustrofóbicos, os monstros infernais espreitando a cada esquina, a perspectiva de estar perdido no espaço, sozinho e com pouca munição, poderiam render um bom filme de ação/horror. Resultou numa adaptação sofrível (sim, meu estoque de adjetivos para descrever estes filmes está chegando ao fim), com Dwayne “The Rock” Johnson à frente. Em uma tentativa de “homenagear” o game, o diretor Andrzej Bartkowiak filmou uma sequência em primeira pessoa, onde aparece apenas a arma do personagem vivido por Karl Urban. Ficou… curioso. Só assistindo pra crer.
Super Mario Bros. (1993)
Dois irmãos encanadores do Brooklyn, vividos por Bob Hoskins e John Leguizamo, vão parar em uma dimensão paralela, realidade alternativa ou coisa que o valha, para salvar uma princesa. Neste lugar bizarro, chamado Dinohattan, os habitantes evoluíram dos dinossauros. E quem manda na parada é o Rei Koopa, interpretado por Denis Hooper, com um penteado peculiar pra imitar o vilão dos games. Me nego a falar mais qualquer coisa sobre isso aqui. Nem sobre os “sapatos” especiais que fazem os irmãos Mario e Luigi saíram pulando por aí no fim do filme. Acho que o diretor e roteiristas andaram comendo uns cogumelos meio estranhos antes de fazer este filme…
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E para você, quais são as piores e melhores adaptações de games para o cinema? Assistiu alguns dos filmes acima? Vamos papear aqui no blog!
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