Sou meio casca-grossa e no geral vejo cerimômias como entrega de prêmios como uma pieguice sem fim. Mas não foi o que aconteceu ontem aqui em Brasília, durante o anúncio dos vencedores da primeira Olimpíada Brasileira de Língua Portuguesa.
Entre os 15 ganhadores, cujos textos superaram a gigantesca concorrência de 1 para 400 mil, a narrativa da estudante Mariane Cheli de Oliveira, 17 anos, deixou todo mundo com os olhos marejados.
Filha de um cortador de cana-de-açúcar, ela mora e estuda na cidadezinha de Tamboara, a 521 quilômetros de Curitiba, no Noroeste do estado. A história do pai, que sofre como o desemprego provocado pela mecanização das lavouras, foi o mote para o artigo de opinião escrito por ela.
Mariane não ganhou porque pôs no papel uma história comovente, um best-seller da auto-ajuda. Venceu porque o texto dela é muito bom, digno de editorial de qualquer jornal paranaense – inclua-se a Gazeta do Povo nessa observação.
Entre 6 milhões de redações que participaram do concurso, a de Mariane esteve entre as duas citadas como exemplo de superação pelo ministro da Educação, Fernando Haddad. Além de se orgulhar da história da luta do pai – um “cavaleiro da cana”, como ela diz – Mariane também encara 9 horas por dia em uma fábrica de jeans.
Não vou eu ser piegas aqui, mas Mariane merece toda admiração – pela dom da palavra e pela batalha diária para seguir nos estudos.
A propósito, ela quis porque quis levar o pai para Brasília. Só que ele está de aviso-prévio. E, no caso dele, um dia ou dois de salário pesam – e muito.
Quem quiser saber mais sobre a história de Mariane, pode clicar aqui.
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