Esta é uma das histórias que mostram bem como o Brasil reduziu a desigualdade nas duas últimas décadas, mas ainda está muito longe de ser o país das maravilhas. O repórter Douglas Santucci, da rádio Bandnews de Curitiba, entrevistou ontem um mendigo que mora há seis meses dentro de uma lata de lixo do Tribunal de Contas do Paraná, no coração do Centro Cívico.
A casa de Renato da Silva, de 40 anos, fica bem perto dos palácios Iguaçu, do governo do estado, e 29 de Março, da prefeitura de Curitiba. O mendigo conta que está adaptado à vida no contêiner: o cheiro já não incomoda e os lixeiros não levam suas coisas porque o conhecem.
Renato já vivia por ali quando, há dois meses, começaram os protestos por todo país. Para quem não lembra, o Centro Cívico foi o palco da mais emblemática das manifestações, que acabou em quebra-quebra e traumatizou os curitibanos. Depois daquilo, indignar-se perdeu força na cidade.
Também depois dos protestos, o Tribunal de Contas já escolheu novo conselheiro – mais um político para fiscalizar as contas dos políticos. Nenhuma novidade no front.
Não tenho notícia de nenhuma grande metrópole, mesmo nos países ricos, sem mendigos. Renato talvez seja só mais um nessa estatística.
A diferença para outros lugares é o que acontece (ou deixa de acontecer) do lado de fora da lata de lixo de cada cidade.
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