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Lá se foram alguns poucos dias de calmaria e a crise do Senado voltou a dar as caras em Brasília.

Ontem, mais um esqueleto saiu do armário do senador Renan Calheiros (PMDB-AL). Ele teve de admitir que um ex-funcionário de seu gabinete passou quatro meses estudando inglês na Austrália – recebendo religiosamente os R$ 4,1 mil reais por mês pagos pelo Senado.

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Ninguém pode aferir se o sortudo aprendeu a língua de Hemingway, mas o fato é que Rui Palmeira elegeu-se deputado estadual pelo PR em Alagoas.

O curioso é que, no primeiro semestre deste ano, Renan foi o autor de uma denúncia idêntica contra o colega Arthur Virgilio (PSDB-AM), que fez exatamente a mesma coisa com um outro funcionário de seu gabinete.

Virgilio foi processado e absolvido pelo Conselho de Ética do Senado. E devolveu os salários do funcionário beneficiado.
Nos embalos da volta aos escândalos, quem também voltou a se manifestar sobre a crise foi o presidente da Casa, José Sarney (PMDB-AP).

Sarney fez um discurso afirmando que a mídia é “inimiga” das instituições democráticas representativas da sociedade.
O maranhense usou a sessão de homenagem ao Dia Internacional da Democracia para dizer que há um conflito sobre quem é o representante do povo: o parlamento ou a mídia.

Por outro lado, esqueceu de falar que a imprensa livre é um dos pilares das democracias modernas, exatamente pela função de fiscalização do poder público – e por mostrar maracutaias que os políticos tanto escondem.

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Sagaz como de costume, Sarney também não falou que sua família é proprietária de meios de comunicação no Maranhão.

Em um dia de Senado, Renan e Sarney mostraram bem como funcionam a memória dos políticos brasileiros. Quando as denúncias são contra eles próprios, as lembranças ficam extremamente seletivas.

O pior é que os eleitores agem mais ou menos da mesma maneira.