Há uma piada comum sobre José Serra nos corredores de Brasília. O governador de São Paulo é definido como o candidato-água: não tem cor, cheiro ou gosto. E os mais malvados ressaltam ainda que ele não é lá muito bem apessoado…
O chiste tem suas injustiças. O ex-ministro da Saúde às vezes deixa ferver o sangue palmeirense – o que por outro lado faz jus à fama de político carcamano. Juntando as duas coisas, o correto é definir o mais provável candidato do PSDB ao Palácio do Planalto como ambíguo.
Serra visita hoje Curitiba e comprova essa definição. Encontra-se às 10h30 com o prefeito e companheiro de partido, Beto Richa. Depois, assina um convênio fiscal com o governador Roberto Requião (PMDB).
Sim, quando o assunto é Paraná, ele tem atirado para todos os lados. Além de Beto e Requião, dialoga constantemente com o senador Osmar Dias (PDT). Ou seja, aproxima-se sem distinção daqueles que serão os três nomes mais importantes do estado em 2010.
E quem tem mais a ganhar com essa aproximação? As estatísticas apontam que nenhum dos três paranaenses. Em 2002, Serra levou dois bailes de Lula (PT) nas urnas do Paraná.
No primeiro turno da disputa presidencial, fez 1,3 milhões de votos (26,78% dos válidos) contra 2,5 milhões (50,13%) do petista. No segundo, subiu para 2 milhões (40,78%) contra 2,9 milhões (59,22%) de Lula.
Em Curitiba, Serra fez 319 mil votos contra 586 mil de Lula no segundo turno. O desempenho ficou muito abaixo do “picolé de chuchu” Geraldo Alckmin (PSDB) no segundo turno de 2006, quando bateu o petista na capital com 502 mil votos contra 455 mil.
Atualmente, porém, a história é outra. Serra lidera com folga as intenções de voto em todo Brasil, sempre acima dos 40%. São esses números que têm seduzido os paranaenses com pretensões em 2010.
Serra parece queridinho de Requião (candidatíssimo ao Senado) e de Osmar (candidato a suceder Requião). Só que tirando Beto Richa (como tucano ele tem obrigação de se abraçar com o paulista para chegar ao Palácio Iguaçu), fica difícil entender essa tendência.
Até o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso admite que os dados de hoje são irreais e que a candidata do PT, Dilma Rousseff, começará a campanha com pelo menos 30% nas pesquisas (hoje ela tem menos de 10%). Dilma e o PT têm feito um esforço danado para atrair Osmar e Requião, mas não conseguem.
É bom lembrar que o melhor legado em jogo não é de Serra ou Dilma, mas o de Lula. É o presidente quem pulou de 50% para 75% de aprovação entre os curitibanos.
Requião sabe disso. Mas como tem um caminho mais fácil para o Senado, tanto faz ficar com Serra ou Dilma – e ainda dá para tentar posar de grande articulador nacional.
A história é diferente para Osmar. Se ficar com Serra será uma espécie de segunda opção do PSDB, o que não vai colar perante o eleitorado. Se optar por Dilma, diferencia-se de Beto Richa e esquenta a campanha.
A escolha demanda pressa e um certo arrojo. Mas parece o único caminho que sobrou para a candidatura do pedetista não virar água.
Triângulo Mineiro investe na prospecção de talentos para impulsionar polo de inovação
Investimentos no Vale do Lítio estimulam economia da região mais pobre de Minas Gerais
Conheça o município paranaense que impulsiona a produção de mel no Brasil
Decisões de Toffoli sobre Odebrecht duram meses sem previsão de julgamento no STF
Deixe sua opinião