Os tucanos têm se atrapalhado um bocado na definição da estratégia para 2014. Mesmo aos trancos e barrancos, ninguém acredita que Aécio Neves não será o próximo candidato a presidente pelo partido. Quanto antes a novela acabar, melhor para os planos de reeleição de Beto Richa.
Enquanto o cenário geral do PSDB nos últimos anos tem sido um salve-se quem puder, o senador mineiro e o governador paranaense sempre jogaram juntos. Desde que era prefeito de Curitiba, Beto vem importando fórmulas administrativas usadas por Aécio no governo de Minas. A mais famosa são os contratos de gestão com os secretários, que formalizam o cumprimento de metas e objetivos de cada área.
O relacionamento dos dois é, contudo, ainda mais antigo. Eles já trombavam em Brasília nos anos 1980, quando Aécio era um jovem deputado federal constituinte e o pai de Beto, José Richa, era senador. Depois, a empatia se desenvolveu naturalmente.
Vale lembrar um episódio durante a sabatina com Beto feita pela Gazeta do Povo durante a campanha para o Palácio Iguaçu, em 2010. O então candidato foi perguntado sobre o político que mais admirava e disse, sem pestanejar, Aécio Neves. A resposta foi uma surpresa, já que Beto fazia dobradinha eleitoral com José Serra, que na época liderava com folga as pesquisas feitas no Paraná para a Presidência.
Outro aspecto incontestável é a semelhança no jeitão de cada um. Aos 52 anos, cinco a mais que Beto, Aécio não perde o estilo galã bon vivant. O comportamento descolado atrai gente cansada dos políticos cansativos, mas também potencializa deslizes como a recusa de fazer o teste do bafômetro ao ser apanhado em uma blitz da Lei Seca no Rio de Janeiro, em 2011.
Conhecido pela preocupação com a boa forma e como fã de automobilismo, Beto segue a linha jovial. Esse perfil foi uma das chaves para superar Osmar Dias (PDT) há dois anos e se firmar como a antítese de Roberto Requião (PMDB) no estado. Colocando fotos do mineiro e do paranaense lado a lado, parece que eles compram ternos e cortam os cabelos nos mesmos lugares.
Em outras palavras, Aécio e Beto tem tudo para formar uma dobradinha ideal nas próximas eleições. Será quase como uma parceria entre irmãos, sem qualquer dificuldade de ser explicada (e explorada) no horário eleitoral. Fica a dúvida sobre quem vai ajudar mais o outro.
É relevante ter em mente que eles devem enfrentar, do outro lado, uma dupla com o mesmo tipo de sincronia – a presidente Dilma Rouseff e a ministra da Casa Civil, Gleisi Hoffmann. Se o cenário se concretizar, será algo como uma batalha de clones. Mais do que nunca, a política estadual vai estar atrelada ao debate nacional.
Para quem duvida disso, é só ver o tom da briga em torno da proposta de diminuição da tarifa de energia elétrica encabeçada por Dilma. A Cemig, de Minas, e a Copel, do Paraná, estão entre as que não aceitaram a proposta do governo. Sim, 2014 já começou.
Até lá, o sucesso de Aécio e do PSDB na difícil queda-de-braço com Dilma (que mantém a popularidade nas alturas, mesmo com a economia patinando) depende do que os governadores do partido tiverem para mostrar. Nesse contexto, Beto vai ser obrigatoriamente um dos oficiais do exército tucano. Se ocupará o posto de tenente ou general, depende do sucesso de sua gestão nos próximos dois anos.
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