Se a novela dos desvios que envolvem o “primo distante” do governador Beto Richa (PSDB) continuar produzindo um capítulo por dia, dificilmente o tucanato nacional vai escapar de entrar na dança. A qualquer momento, o presidente do partido, senador Aécio Neves, precisará se posicionar. Terá três opções pela frente: defender veementemente o colega, cobrar explicações ou uma mistura de ambos, na linha do “confiamos no nosso correligionário, mas queremos que tudo seja apurado”.
Tucanos são historicamente criticados por preferir o muro a tomar posições mais duras. Mas a história atual é outra. O Brasil vive uma onda de indignação contra a corrupção, que tem desaguado quase que exclusivamente no colo da presidente Dilma Rousseff, de Lula e do PT.
Se o PSDB quer mesmo se posicionar como uma antítese petista, não vai ter como deixar passar em branco o caso paranaense. No ano passado, Aécio viveu na pele o drama de não reagir com eficiência a um escândalo. Logo no começo da campanha presidencial, quase não suportou às reportagens sobre a construção de um aeroporto com dinheiro público na fazenda de um tio, na época em que governava Minas Gerais.
Dez dias depois de o avião de Eduardo Campos (PSB) cair e Marina Silva disparar nas pesquisas, Aécio era dado como carta fora do baralho. Reergueu-se às custas da desconstrução selvagem da imagem de Marina promovida pelo PT. Quase ganhou a eleição no segundo turno, muito mais pelo peso do antipetismo do que pelo apelo popular de suas propostas naquele momento.
Informações de tucanos paranaenses dão conta de que Aécio começou a se informar sobre o caso Richa-Abi na semana passada. Duas questões norteiam as dúvidas do senador: 1 – Qual é verdadeiramente o grau de relação pessoal e “profissional” do governador com o Luiz Abi Antoun, o “primo distante”? 2 – Beto sabia como Abi agia dentro do governo?
Uma breve pesquisa no noticiário paranaense, no Google ou até mesmo um vale a pena ver de novo do Jornal Nacional ajudariam bastante a responder essas perguntas. Dizer que é “culpa da imprensa golpista” mais uma vez assemelharia os tucanos ao modus operandi petista. A única ação eficaz, no fundo, seria um choque de transparência para diminuir o prejuízo causado pelas declarações de Richa que apenas mantém “relação social” com Abi.
A última vez que algo do gênero atingiu o PSDB nacional ocorreu em março de 2014. Réu no processo do mensalão mineiro, o ex-governador mineiro Eduardo Azeredo corria o risco de ser condenado pelo Supremo Tribunal Federal a 22 anos de prisão por peculato e lavagem de dinheiro. Renunciou ao cargo de deputado federal para adiar o processo e, principalmente, para evitar o desgaste aos planos presidenciais de Aécio.
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