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Beto Richa seguiu a receita dos antecessores Jaime Lerner e Roberto Requião na reforma do secretariado estadual. A situação apertou? Chama o Reinhold Stephanes.

Com mais de quatro décadas de vida pública, o novo chefe da Casa Civil do Palácio Iguaçu é uma peça rara no xadrez político paranaense e brasileiro. Em Brasília, Stephanes conseguiu a proeza de integrar o primeiro escalão de quatro governos diferentes. E de orientações ideológicas completamente distintas.

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Começou como presidente do Instituto Nacional de Previdência Social (INPS) durante a gestão do general Ernesto Geisel (1974-1979). Depois, foi ministro do Trabalho e Previdência de Fernando Collor (1992) e da Previdência e Assistência Social de Fernando Henrique Cardoso (1995-1998). Por último, ministro da Agricultura de Lula (2007-2010).

No Paraná, a trajetória é idêntica. No governo Lerner, foi o último presidente do Banestado (1999-2000). Na gestão Requião, secretário de Administração (2003-2004) e de Planejamento e Coordenação-Geral (2005-2006).

Qual é a mágica para circular entre tantas administrações? Há três explicações. Em primeiro lugar, Stephanes é jeitoso, de temperamento extremamente moderado (afinal, aguentar as variações de humor de Collor e Requião não é para qualquer um).

Em segundo lugar, é visto como um descascador de abacaxis. Em terceiro, acumulou tanta experiência que funciona como uma espécie de oráculo, ou melhor, um Google da máquina pública. Populares ou não, figuras políticas com esse grau de vivência, como José Sarney, são respeitadíssimos pelos colegas.

A permeabilidade de Stephanes é tanta que, nas eleições de 2010, ele foi cotado para ser candidato a vice-governador tanto na chapa do tucano Richa quanto na de Osmar Dias (PDT). Meses após a disputa, ele confidenciou que chegou a aceitar o convite de Richa. O acordo só não saiu porque o PMDB (partido dele na época) logo depois entrou na coligação pedetista.

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Outra curiosidade: Stephanes também era um dos nomes preferidos de Osmar como vice. Nesse caso, não topou a proposta. Preferiu indicar Marcelo Almeida (PMDB) para a vaga, que ficou com o também peemedebista Rodrigo Rocha Loures.

A participação de Stephanes na campanha, contudo, não parou por aí. Uma das principais armas escolhidas por Osmar para atacar Richa foi o seu voto favorável à privatização do Banestado, quando era deputado estadual. No contragolpe, o tucano dizia que o presidente do banco na época (Stephanes) era de um partido aliado a Osmar.

Incoerências (de ambos os lados) à parte, Stephanes acabou concorrendo a deputado federal e conquistou o sétimo mandato na Câmara. A expectativa era de que, em 2011, ele fosse indicado para reassumir o Ministério da Agricultura. Acabou sabotado internamente no PMDB e por isso transferiu-se para o PSD.

A 21 meses da eleição de 2014, Stephanes volta a Curitiba com a missão de arrumar a casa e apaziguar os ânimos dos aliados de Richa. Como primeiro passo, poderia sugerir ao chefe e novos colegas a leitura de um livro técnico que escreveu em 1984, Previdência Social, Um Problema Gerencial. Em um dos capítulos, o novo secretário fala sobre o que chama de “Universo Medíocre de Escolha”, em que critica como os políticos desperdiçam a chance de buscar pessoas qualificadas para postos-chaves da administração pública, preferindo a cômoda opção por parentes, amigos ou conterrâneos.

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