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Crises como a que acomete as finanças do Paraná são o ambiente perfeito para o surgimento de novas ideias. Nomes esparsos aparecem dos protestos no Centro Cívico. Mas eles ainda não podem ser traduzidos como uma “nova oposição”.

Três deputados estaduais entram nessa lista – os petistas Professor Lemos e Tadeu Veneri e o peemedebista Requião Filho. O primeiro, como o nome-de-guerra deixa claro, fortaleceu-se como porta-voz dos professores. O difícil é ecoar entre o restante da sociedade (vide a derrota sofrida na disputa pela prefeitura de Cascavel, em 2012, quando foi acusado de ser um forasteiro na cidade).

Veneri é o oposicionista mais consistente da Assembleia Legislativa desde a gestão Roberto Requião (PMDB). Sofre, no entanto, da síndrome do lobo solitário, muitas vezes escanteado dentro do próprio partido. E, é claro, tanto ele quanto Lemos acabam embarreirados pela rejeição do eleitorado paranaense ao PT.

Requião Filho tornou-se um caso à parte. Novato, teve a sensibilidade de entrar na onda certa na hora certa. Tornou-se de uma hora para outra o queridinho dos professores, o mais cotado para selfies, o autor dos discursos mais duros.

É complicado, porém, atestar que ele acrescenta algo novo. Afinal, é tão fruto do familismo eleitoral paranaense quanto os Richa, Fruet, Barros, Curi, etc. Prova disso é que até o nome Requião Filho é “marca fantasia”, na verdade ele se chama Maurício.

Se serve de consolo ao governador Beto Richa (PSDB), o fato é que a “antiga oposição” também não teve como se fortalecer do episódio. Gleisi Hoffmann (PT) é representante de carteirinha de um governo federal que também implementa seu pacote de maldades e às voltas com a operação Lava Jato. E não é necessário fazer muitas contas para detectar que o ex-governador Roberto Requião (PMDB) também tem sua parcela de contribuição para o caos nas finanças estaduais.

Fica a pergunta: e se a eleição de 2014 fosse hoje, com os mesmos candidatos, o que mudaria? Richa provavelmente não venceria com tamanha folga, mas é inegável que ele ainda seria o favorito. Talvez a campanha impusesse ao eleitor mais reflexão, porém dificilmente ele escaparia do maniqueísmo de qual pacote é mais malvado ou qual gestão quebrou mais o estado.

Como se vê, há espaços para novas ideias. Para uma nova oposição e também para uma terceira via, daqueles que não topam entrar em camburão (veículo blindado para transporte de policiais, em tucanês), nem se identificam com o petismo ou o requianismo. Na votação do pacotaço, Ney Leprevost (PSD) ensaiou entrar por esse último caminho, mas só o tempo dirá se tem fôlego para permanecer nele.

Há tanto descontentamento que sobra espaço até para os governistas se reposicionarem. O que falta, contudo, é um time disposto a romper com o toma-lá-dá-cá que, como se sabe, foi fundamental para a eleição de quase todos eles. A voz das ruas quase nunca é ouvida pelos políticos tradicionais, a não ser que se faça bem estridente. Ainda assim, dentre os poucos que escutam o recado, há menos ainda os que são capazes de entendê-lo.

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