Às 17h22 deste domingo (21), Jair Bolsonaro retuitou a mensagem de um internauta com um vídeo e um alerta para quem quer derrubá-lo: “ele será presidente por oito anos”. O final do texto vinha carimbado com a hashtag #Bolsonaro2022.
Às 19h13, o filho Carlos Bolsonaro retuitou outra mensagem com menção à reeleição do pai e a mesma hashtag. Carlos é o estrategista político do pai nas redes sociais.
Não à toa, o #Bolsonaro2022 começou a pegar fogo no Twitter. Tudo isso em meio à turbulência do caso Queiroz, que atinge o primogênito da família, Flávio Bolsonaro.
É legítimo agitar a militância quando se está em fogo cruzado, inclusive com o argumento da reeleição (afinal, está na lei) e, vá lá, inclusive relevando o fato de o governo ter apenas 20 dias.
Só há um problema de ordem lógica nessa estratégia: Bolsonaro sempre se declarou contra a reeleição. Às vésperas do segundo turno de 2018, o então candidato falou em “fazer uma excelente reforma política” e acabar de vez com o que chamou de “instituto da reeleição”.
Em outro flanco, o ministro da Economia, Paulo Guedes, tem declarado que pautar um projeto sobre o fim da reeleição será uma “bomba nuclear” a favor do governo na guerra pela aprovação da reforma da Previdência.
Até onde isso é discurso e até onde é prática? O PT desgastou ao máximo Fernando Henrique Cardoso e o PSDB pela aprovação da emenda da reeleição, em 1997. Depois, lambuzou-se com a regra do jogo.
No atual quadro político, porém, o tema reeleição tem outras variáveis. Bolsonaristas sonham com a possibilidade de uma dinastia muito maior do que um mero 2022.
O segundo comentário à publicação de Carlos Bolsonaro, por exemplo, traz uma foto do presidente com seus quatro filhos. Na imagem de cada um, aparece a data em que eles supostamente concorreriam à Presidência – o que manteria o clã na Presidência até 2058 (ou até 2066, se a caçula Laura também entrasse na dança).
Embora não tenha menção direta aos episódios que envolvem o primogênito Flávio, as publicações reforçam o conceito de defesa da unidade familiar como um partido político em si. Bolsonaro, nesse raciocínio, não é apenas Jair.
Há dois efeitos colaterais nessa estratégia.
O efeito bom para a família Bolsonaro é preservar o clima vitorioso de campanha e trazer longevidade ao projeto político.
O ruim: cada problema em que um filho se meta, mesmo que isso não tenha absolutamente nada a ver com a gestão Jair Bolsonaro, será transformado em um problema de governo.
Não será a primeira vez que o tema virá à tona. Como já detectou Guedes, ele terá sempre o potencial de uma “bomba nuclear”.
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