Quando vista como um retrato pós-redemocratização, a chapa verde-oliva Jair Bolsonaro/Hamilton Mourão é um corpo estranho nas eleições presidenciais. Se analisada dentro do filme completo da nossa República, é só mais um capítulo da história. Dificilmente será o último.
Mais além da proclamação de Deodoro da Fonseca e da ponte de ferro para o futuro de Floriano Peixoto, ambos marechais que participaram de pleitos indiretos (tem gente que chama a cena toda de golpe contra o Império), cinco militares tentaram a sorte em eleições diretas para presidente entre 1910 e 1960.
LEIA MAIS: Por que Haddad e o poste de Lula largam na frente na disputa para presidente
Sobrinho de Deodoro, o também marechal Hermes da Fonseca (do Partido Republicano Conservador) venceu ninguém menos que o famoso Rui Barbosa, por 64,3% dos votos a 35,5%, em 1910. Lembre-se que estávamos no meio da modorrenta República Velha.
E não se culpe por lapsos de memória: Hermes da Fonseca é pouco lembrado justamente porque há pouco para lembrar dele – além de episódios como a Revolta da Chibata e do fato de ele ter sido o único candidato careca a vencer uma eleição presidencial na história do país (não por acaso, a foto oficial dele é de chapéu).
Em 1945, o Brasil havia recém-saído do combo Ditadura Vargas/Segunda Guerra Mundial e quem polarizou a volta de uma eleição direta? Um marechal do Exército, Eurico Gaspar Dutra (do Partido Social Democrático, avô do atual PSD de Gilberto Kassab), e um brigadeiro da Aeronáutica, Eduardo Gomes (da União Democrática Nacional e, pasmem, inspiração para o docinho brigadeiro).
Dutra levou com 55,39% dos votos e fez uma gestão famosa por ter torrado as reservas cambiais acumuladas durante a Segunda Guerra em quinquilharias empurradas pelos Estados Unidos – por outro lado, trouxe um raro período de respeito ao “livrinho” (Constituição) e às liberdades civis.
LEIA MAIS: Bolsonaro no Roda Viva: o recado sobre economia
Eduardo Gomes voltou à campanha em 1950 e perdeu de novo, desta vez para Getúlio Vargas. Em 1955, em uma das disputas mais acirradas da história, o marechal Juarez Távora (do Partido Democrata Cristão) fez 30,27% dos votos e perdeu para o médico Juscelino Kubitscheck (PSD), que chegou a 35,68%. Naquela época, não havia segundo turno.
Em 1960, o marechal Henrique Teixeira Lott (do PSD e apoiado por JK, de quem garantiu a posse em 1956 após tentativa de golpe) também foi o segundo mais votado, com 32,94% dos votos. Perdeu para Jânio Quadros (PTN), que fez 48,26%.
Jânio renunciou, foi substituído por João Goulart (PTB), os militares cansaram da brincadeira e tomaram o poder à força em 1964 para só largar 21 anos depois. A aventura da ditadura custou caro e só três décadas depois da abertura, em 1985, militares voltam a ter protagonismo eleitoral.
Vieram, de novo, para ficar?
Perda de contato com a classe trabalhadora arruína democratas e acende alerta para petistas
Bolsonaro testa Moraes e cobra passaporte para posse de Trump; acompanhe o Sem Rodeios
BC dá “puxão de orelha” no governo Lula e cobra compromisso com ajuste fiscal
Comparada ao grande porrete americano, caneta de Moraes é um graveto seco
Triângulo Mineiro investe na prospecção de talentos para impulsionar polo de inovação
Investimentos no Vale do Lítio estimulam economia da região mais pobre de Minas Gerais
Conheça o município paranaense que impulsiona a produção de mel no Brasil
Decisões de Toffoli sobre Odebrecht duram meses sem previsão de julgamento no STF
Deixe sua opinião