Jair Bolsonaro é mais entendido de eleição para chefiar a Câmara dos Deputados do que para a Presidência da República. A diferença é que, enquanto foi um sucesso no segundo tipo de disputa, na primeira só perdeu.
Em 28 anos de carreira parlamentar, candidatou-se quatro vezes ao comando da Câmara – 2005 (duas vezes), 2011 e 2017. Perdeu todas. Somando as participações, recebeu 15 votos.
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Na última tentativa, quando já despontava como “mito” nas redes sociais, recebeu quatro votos e perdeu para Rodrigo Maia (DEM-RJ), que recebeu 293. Em 2019, primeiro ano do governo Bolsonaro, Maia é mais uma vez candidato a presidente da Câmara – e, desta vez, com o apoio do PSL do presidente da República.
Não se engane: a tetraderrota de Bolsonaro nunca foi um vexame. Ele sabia exatamente onde queria chegar (e chegou). Cada candidatura, sabidamente inviável, deu musculatura ao seu discurso antissistema.
Pois bem, agora fica difícil para ele, da sua mesa no Palácio do Planalto, acreditar que vale a pena incentivar um “Bolsonaro” na disputa pela Câmara. Afinal, Bolsonaro agora é o sistema. E, ao contrário do eleitorado comum, deputados não gostam de protesto, gostam de previsibilidade (y otras cositas más).
Dilma Rousseff reelegeu-se na bacia das almas, em 2014, e topou a brilhante ideia de lançar Arlindo Chinaglia (PT-SP) para disputar a presidência da Câmara contra Eduardo Cunha (MDB-RJ), em 2015. Até as poltronas desenhadas por Niemeyer no Salão Verde sabiam que seria um fiasco. Serviu para os petistas jogarem gasolina na fogueira do que viria a se organizar como o Centrão.
Sabemos bem como essa história acabou.
Bolsonaro foi responsável direto pela eleição da bancada de 52 deputados do PSL, que só perde em tamanho para a do PT, com 58. Via de regra, candidato que colou a imagem em Bolsonaro, se deu bem. O que agora torna irresistível a tentação de copiar o comportamento bolsonarista nos seus idos de parlamentar.
Ícone do grupo, a novata Joyce Hasselmann declarou antes de assumir que seria uma “Bolsonaro de saias”. Tem dezenas de colegas com o mesmo perfil. Sem falar no filho, Eduardo Bolsonaro, que, bem, é filho do presidente.
Ao apoiar Rodrigo Maia, o comando do PSL e de Bolsonaro deram um nó na cabeça de muita gente. Como apoiar alguém que é mais do mesmo, citado nas delações da Odebrecht (de lá vem o codinome “Botafogo”) e aliado até dos comunistas do PCdoB? Pois é, governar é um choque de realidade diário.
Maia vai ganhar poder e Bolsonaro, aparentemente, vai ganhar sossego. Quem vendeu a alma para quem? Ligue os pontos e ache a resposta.
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