Aos questionadores de plantão, PMDB e Palácio do Planalto têm o argumento pronto para defender a escolha do deputado maranhense Gastão Vieira para o Ministério do Turismo. Ao contrário do colega Pedro Novais, ele tem experiência administrativa. É só ver no currículo as passagens pelas secretarias de Educação e Planejamento do Maranhão.
Seria excelente, não fosse o que isso realmente significa. Segundo os resultados do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) divulgados nesta semana, Maranhão e Espírito Santo são os estados com o maior número de escolas na “zona de rebaixamento” da avaliação. Juntos, os dois têm dez instituições entre as 20 piores do ranking nacional.
No geral, o Maranhão também foi o terceiro estado com as piores notas no exame. Vale lembrar que Gastão Vieira foi secretário de Educação entre 1995 e 1998. Ou seja, houve tempo suficiente para os maranhenses colherem os “resultados” de sua gestão.
Pela Secretaria de Planejamento foram duas passagens, de 1991 a 1994 e de 2007 a 2010. Seria igualmente injusto não concedê-lo os méritos da evolução social maranhense. A propósito, o estado tem o segundo pior Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) do Brasil, o que o nivela ao nível de pobreza do Gabão.
Gastão Vieira também tem o traquejo de cinco mandatos na Câmara. Além disso, faz parte de um grupo que há décadas dá alegrias ao país, o PMDB da família Sarney. A soma de todos esses ingredientes só comprova uma coisa: Dilma Rousseff trocou de ministro, mas não mudou o modelo político que deixa sua gestão em uma permanente corda-bamba.
Ao contrário de Pedro Novais, Gastão Vieira pode até não ter pagado motel com dinheiro da Câmara. Mas é impossível acreditar que ele seja um nome interessante (ou pelo menos plausível) para gerir o turismo brasileiro às vésperas da Copa do Mundo e Olimpíadas. De quem é a culpa: da presidente ou do PMDB?
Dos dois. Os peemedebistas mais uma vez perderam a oportunidade de melhorar a própria imagem. Engraçado como eles não sentem constrangimento de se envolver em tantos escândalos e repetir a mesma fórmula de sempre.
Nos últimos anos, especialistas têm tentado definir as bizarrices do PMDB, mas nunca acertam o alvo. Uns chamam o partido de fisiológico, de confederação de oligarquias, outros de legenda da governabilidade. O mais correto é que o PMDB virou a sigla da chantagem.
Caberia então a Dilma o papel de vítima, certo? Errado. A mesma presidente durona que se destemperou com a pergunta sobre o toma lá dá cá no governo feita por Patrícia Poeta no Fantástico do último domingo, não se dispôs a barrar a farra peemedebista três dias depois.
Dilma também não gostou de falar sobre faxina, considerou o termo inadequado. Aí ela estava certa. A limpeza no governo até agora só saiu graças à investigação da imprensa, que encontrou a sujeira, amontoou e esperou (bastante) para que o governo recolhesse.
Depois da queda do quinto ministro, seria ótimo sentir a sensação de que as coisas estão melhorando, de que Dilma só está aguentando o tranco de um início turbulento. A cada repetição de equívocos políticos, o Brasil para no tempo. Não só perde a oportunidade de um futuro melhor, coloca a todos de castigo nos mesmos bancos de escolas maranhenses.
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