O cenário eleitoral brasileiro teve um fim de semana gordo. Quatro políticos realizaram eventos para formalizar o lançamento de candidaturas presidenciais – Alvaro Dias (Podemos), João Amoêdo (Novo), Manuela D’Ávila (PCdoB), Paulo Rabello de Castro (PSC). Se continuar nesse ritmo, tudo indica que teremos uma disputa idêntica à de 1989, marcada pela pulverização entre 22 presidenciáveis.
Muitas dessas opções vão tombar pelo caminho, mas é possível prever um pleito em 2018 que contemple entre 15 e 20 nomes. É mais do que em qualquer eleição pós-1989 – em 1994 foram oito nomes, em 1998, doze, em 2002, seis, em 2006, oito, em 2010, nove, em 2014, onze. Claro que teremos os nanicos de sempre, à esquerda (PCO, PSTU e PSOL) e à direita (PRTB e PSDC), mas há algo de realmente novo nas movimentações (como havia em 1989).
A começar pela ‘nova direita’ de Amoêdo. Ex-banqueiro e superatleta, incorpora o puritanismo dos liberais que fizeram carreira na iniciativa privada, mas sem estômago para a obscena política partidária brasileira. Encampa um movimento que parece ingênuo aos figurões de Brasília, mas que pode ganhar musculatura justamente por isso.
Em evento com mais de mil pessoas em São Paulo, o principal escudeiro de Amoêdo, o ex-tucano Gustavo Franco, defendeu no sábado um movimento de “simplificação do Estado”. Foi mais além e encampou uma das bandeiras do Novo, a privatização “de forma agressiva, sem exceções” num ataque ao que chamou de “capitalismo de quadrilhas”.
Em Salvador, o atual presidente do BNDES, Paulo Rabello de Castro virou o candidato do PSC com um discurso também de direita, mas com uma pegada bem mais moralista. Como Jânio Quadros e sua vassourinha pós-JK, falou em “higienizar” a política brasileira. Rabello disse ser alinhado a “princípios sociais e cristãos” e citou o “antigo PFL” e o senador Antonio Carlos Magalhães (1927-2007) como uma de suas referências na política.
Amoêdo e Rabelo são opções anti-Lula que se aproveitam de escombros tucanos do que sobrou da polarização PT-PSDB. No espectro oposto, Manuela D’Ávila se aproveita dos restos da esquerda atingida pelo impeachment. Não à toa, assim como Franco foi estrela do evento de Amoêdo, Lula protagonizou o lançamento da candidatura da comunista, em Brasília.
Ao lado de Manuela, Lula provocou Sergio Moro e desdenhou dos adversários de 2018: “não vai ser difícil ganhar as eleições”. A provocação é estranha. Lula tem tudo para se dar mal na Justiça, ser impedido de disputar graças à Lei da Ficha Limpa, e colocar qualquer aliança de esquerda em apuros – o que inclui a candidatura de Manuela.
Por último, temos a candidatura de Alvaro Dias. Que quer se posicionar como o meio do caminho entre Lula/Esquerda e Jair Bolsonaro/Direita. Ao confirmar a candidatura, em São Paulo, seguiu o caminho inverso ao do PT e fez elogios a Sergio Moro. Ex-tucano, criticou o atual modelo partidário. Move-se cirurgicamente em direção ao que a maioria dos brasileiros quer ouvir.
Com tanta gente na corrida, fica a questão: ter mais candidatos é melhor para a qualidade do debate? Sim, mas depende do que os candidatos estão realmente dispostos a fazer. Uma polarização insana entre Lula e Bolsonaro inevitavelmente sofrerá desgastes e abrirá caminho a novas opções.
Quanto mais novidade, mais chances de um debate mais saudável. Com mais vista para o futuro e menos para o passado.
Triângulo Mineiro investe na prospecção de talentos para impulsionar polo de inovação
Investimentos no Vale do Lítio estimulam economia da região mais pobre de Minas Gerais
Conheça o município paranaense que impulsiona a produção de mel no Brasil
Decisões de Toffoli sobre Odebrecht duram meses sem previsão de julgamento no STF