Manuela D’Ávila (PCdoB) sentou no banco da Praça é Nossa e resolveu adotar um humor, digamos, pitoresco para atingir Jair Bolsonaro (PSL). Publicou no Facebook uma montagem do adversário na corrida presidencial com corpo de galinha. Usou uma paródia do filme de animação A Fuga das Galinhas para citar que o deputado está fugindo dos debates.
Nada contra o humor. Qualquer humor, incluindo o estilo Carlos Alberto de Nóbrega. Aliás, as eleições brasileiras, nesse quesito, são uma chatice sem fim. E não à toa um grupo de humoristas acaba de ir ao STF para impedir a censura a piadas sobre políticos durante o período eleitoral.
A questão de fundo dessa história é: e se Bolsonaro fizesse uma montagem de Manuela com corpo de galinha?
Longe de mim querer fazer juízo de valor e entrar na guerra sobre o que é politicamente correto ou incorreto. O que merece análise é tentar entender por que nomes como Manuela – que não está no páreo para ganhar, mas defender bandeiras da esquerda de defesa de minorias – traem seu próprio discurso na primeira curva da campanha para caírem no jogo de Bolsonaro. É uma estratégia que tem muito mais potencial de inflar o bolsonarismo do que o contrário.
Há dois meses, Marina Silva (Rede) caiu na mesma tentação. Instada a comparar políticos a animais durante o programa Pânico, da Rádio Jovem Pan, ela disse que Bolsonaro seria uma hiena. De pronto, o adversário inverteu a questão. E se ele tivesse falado o mesmo sobre Marina?
“Hiena é aquele animal que, vocês sabem, come porcaria o ano todo. O mundo caía na minha cabeça”, citou o capitão da reserva.
Calcado no clima do ninguém presta da política, Bolsonaro conseguiu moldar sua comunicação a ponto de reverter as ofensas que ele fala cotidianamente em algo que é positivo para seus seguidores. E ele joga com esse patrimônio o tempo todo.
“No meu tempo de moleque, chamava você de gordinho, quatro olhos, não tinha problema nenhum. O gordinho, geralmente, quando ia para pelada, você chamava de gordo, ele saía na pancada. Hoje, o gordinho virou mariquinha. Vamos acabar com essa frescura. Isso não é o problema do Brasil. […] Essa questão de ódio é secundária”, descreveu, durante sabatina do jornal Correio Braziliense.
Essa blindagem o protege de tentativas, inclusive de nomes mais sisudos como Ciro Gomes (PDT) e Geraldo Alckmin (PSDB), de virar o anti-Bolsonaro.
“Quando a política tradicional ataca o Bolsonaro ou quer antagonizar com o Bolsonaro, na realidade estão dando combustível a ele”, sentenciou o cientista político Marcio Coimbra, em entrevista à jornalista Kelli Kadanus.
Bolsonaro, além de alcançar a liderança, deixou uma armadilha para quem vem mais atrás. É incrível como todos parecem fazer questão de cair nela.
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