“Agora já dei a notícia”, disse Dilma Rousseff, semana passada, sobre a troca de ministros que vão participar das eleições de 2014. Todo mundo em Brasília tratava a informação como certa há muito tempo, mas agora qualquer dúvida caiu por terra. Confirmadas para o fim do ano, as mudanças podem ocorrer até quatro meses antes do prazo legal para desincompatibilização (8 de abril) e vão afetar os três personagens do círculo de poder mais próximo da presidente – Gleisi Hoffmann (Casa Civil), Alexandre Padilha (Saúde) e Fernando Pimentel (Desenvolvimento).
Dessas, a vaga mais cobiçada é a de Gleisi, cuja candidatura ao governo do Paraná parece ter se tornado irreversível. Favorito para o posto, o ministro da Educação, Aloizio Mercadante, tem forçado a barra para não perder a oportunidade. Também foi assim quando saiu do ministério de Ciência e Tecnologia para substituir Fernando Haddad, que no começo de 2012 deixou o governo federal para concorrer a prefeito de São Paulo.
A estratégia tem lógica. Afinal, a Casa Civil serviu de vitrine para Dilma, menosprezada pela oposição como um poste, ser a candidata vitoriosa de 2010. No fundo, Mercadante não está de olho na cadeira de Gleisi, mas na de presidente, em 2018.
Mas, e para o futuro do governo Dilma, o que significa a troca? Um tucano paranaense com trânsito em Brasília definiu com uma gargalhada, seguida de um “para nós é ótimo”. Ex-senador por São Paulo, Mercadante é visto no jogo partidário como exemplo de mau negociador, além de vaidoso acima da média.
Com ele, a Casa Civil voltaria a ter o perfil dos tempos de Antonio Palocci, antecessor de Gleisi que caiu por suspeitas de irregularidades na evolução patrimonial e provocou a primeira grande crise da gestão Dilma. A diferença é que Palocci sempre foi visto como excelente articulador (e que por isso se transformou no alvo preferencial da oposição durante o início do governo). Na saída dele, a presidente fez uma opção clara por tirar o peso político da pasta.
Gleisi assumiu em junho de 2011 com a missão de ser a “Dilma da Dilma”. A expressão remete à crise do mensalão, em 2005, quando Lula moveu a então secundária ministra de Minas e Energia para o lugar de José Dirceu na Casa Civil. Até então, as expressões para definir o papel de José Dirceu no Planalto eram nada menos que “capitão” e “primeiro-ministro”.
“Quando ela [Dilma] conversou comigo, me disse: ‘olha, não quero você nas articulações da política’”, disse a paranaense, na primeira entrevista após assumir o cargo. “Ela quer que eu faça política de gestão, para dentro do governo”, complementou. Missão dada, missão cumprida: recém-eleita senadora, Gleisi submergiu dos holofotes do Congresso às engrenagens da Esplanada.
Exercer esse papel tem custado um preço alto. Gleisi é a gerente dos demais ministros, mas não tem quase nenhum feito para chamar de seu. Padilha, por exemplo, tem a credencial de ser o pai do Mais Médicos.
Os planos de ter uma Casa Civil voltada “para dentro do governo” deram a paz que Dilma queria no Planalto. Com Mercadante, os tempos serão outros. E Gleisi, que teve de deixar a política em segundo plano, vai precisar descontar o tempo perdido a partir do fim do ano se quiser chegar ao Palácio Iguaçu em 2014.
-
Decisão do STF de descriminalizar maconha gera confusão sobre abordagem policial
-
Enquete: na ausência de Lula, quem deveria representar o Brasil na abertura da Olimpíada?
-
“Não são bem-vindos a Paris”: delegação de Israel é hostilizada antes da abertura da Olimpíada
-
Black Lives Matter critica democratas por “unção” de Kamala Harris sem primárias
Triângulo Mineiro investe na prospecção de talentos para impulsionar polo de inovação
Investimentos no Vale do Lítio estimulam economia da região mais pobre de Minas Gerais
Conheça o município paranaense que impulsiona a produção de mel no Brasil
Decisões de Toffoli sobre Odebrecht duram meses sem previsão de julgamento no STF