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Cinco pontos para prestar atenção no primeiro debate entre candidatos a presidente

Lula e Alckmin durante debate nas eleições de 2006. Crédito da foto: Evaristo Sá/AFP (Foto: )

A Band realiza nesta quinta-feira (9) o primeiro debate televisivo entre candidatos a presidente, que poderá ser acompanhado ao vivo na Gazeta do Povo, a partir das 22h15.

Oito dos 13 presidenciáveis que confirmaram candidatura participarão: Alvaro Dias (Podemos), Cabo Daciolo (Patriota), Geraldo Alckmin (PSDB), Marina Silva (Rede), Jair Bolsonaro (PSL), Guilherme Boulos (PSOL), Henrique Meirelles (MDB) e Ciro Gomes (PDT).

Apesar da fórmula manjada, engessada pelas regras eleitorais, o debate de estreia será o aperitivo da eleição brasileira mais complexa desde 1989.

E também a oportunidade de sanar pelo menos cinco dúvidas sobre as estratégias dos principais candidatos vão começar a ser esclarecidas a partir do encontro.

Líder em intenção de voto, como Bolsonaro vai se comportar como vidraça?

Liderar pesquisa* é uma coisa, manter a dianteira durante a campanha, sob fogo cruzado, é outra completamente diferente. Bolsonaro passou na semana passada pelo batismo das grandes entrevistas com presidenciáveis, no Roda Viva e na Globonews, e agora debuta no confronto direto contra seus verdadeiros adversários.

Quando encarou os jornalistas, adotou a estratégia de pregar aos convertidos. A escolha da maioria dos assuntos (ditadura, armas, homofobia, racismo), porém, facilitou a vida de Bolsonaro. Agora ele lidará com uma situação em que as perguntas serão feitas milimetricamente, com base em pesquisas, para desconstruí-lo. E sem a cantilena de que é perseguido pela imprensa.

Bolsonaro terá de ir muito além das respostas “Posto Ipiranga”, de dizer que não entende nada de economia e passar a bola para o sabichão Paulo Guedes. Debate é espaço de comparação imediata. Jogar para não perder é perigoso, ou, como diria Vanderlei Luxemburgo: o medo de perder tira a vontade de ganhar.

Alckmin partirá para o ataque contra Bolsonaro?

Alckmin começa a campanha com uma Ferrari nas mãos. Tem a maior coligação (nove partidos), que concentra sozinha metade do Fundo Eleitoral (R$ 828 milhões de um total de R$ 1,72 bilhão) e a maior exposição no horário eleitoral gratuita (62 inserções diárias; 5 minutos e 32 segundos em cada bloco do programa eleitoral).

Tudo lindo, falta colocar gasolina para o carro funcionar. Ou seja, voto. Em uma eleição polarizada, de tom emocional, Alckmin tenta se desvencilhar da imagem de picolé de chuchu. Bolsonaro já foi escolhido como alvo preferencial, falta acertar como funcionará a artilharia.

Estrategistas tucanos pescaram que não adianta partir para o embate direto, que menospreze o eleitorado de Bolsonaro. Além disso, Alckmin ainda tem na memória os fantasmas da campanha de 2006, quando mudou o temperamento e adotou um tom agressivo contra Lula. Resultado: acabou o segundo turno com menos votos que no primeiro.

Ciro Gomes vai romper de vez com a esquerda lulista?

Ciro Gomes começou o período de convenções partidárias quase apoiado pelos partidos do Centrão, que acabaram optando por Alckmin. No meio do caminho, quase se coligou com o PSB, que decidiu pela neutralidade. No final, quase conseguiu atrair do PCdoB de Manuela D’Ávila, que preferiu ser a vice do vice da chapa petista.

Tantos quases na vida recente de Ciro têm um responsável: o ex-presidente Lula. A relação entre ambos degringolou via imprensa. A questão é saber se o pedetista vai aproveitar o debate para esticar ainda mais a corda – conta própria ou provocado por outro candidato.

Vale lembrar que Lula, preso há quatro meses em Curitiba, não estará no debate. Primeiro-vice de Lula, Fernando Haddad poderá ir à plateia para dar entrevistas. Além disso, a promessa dos petistas é fazer uma transmissão paralela à do debate.

Como será a versão 2018 de Marina Silva?

Quem acompanhou os debates presidenciais de 2010 e 2014 viverá ao menos um momento de flashback neste quinta-feira: Marina Silva. O discurso “sonhático”, pelo que se viu em entrevistas recentes, pouco mudou. A dúvida: ela será menos reativa do que nos debates de eleições anteriores?

Há quatro anos, após a tragédia que causou a morte de Eduardo Campos, ela assumiu a cabeça da chapa do PSB, imediatamente subiu nas pesquisas e virou alvo preferencial do PT de Dilma Rousseff. Marina não revidou, nem subiu o tom. A apatia custou caro e ela não chegou ao segundo turno.

O debate também será um teste de exposição para Marina, que fugiu da montanha-russa política brasileira dos últimos anos. Há quem veja nisso um defeito e repete que ela só reaparece na hora de pedir votos. Há quem enxergue qualidades: poupar a imagem do mar de lama pode ser excelente para uma candidata que não quer parecer mais do mesmo.

O que Cabo Daciolo vai aprontar?

Dos 13 candidatos a presidente em 2014, muitos são figurinhas carimbadas do noticiário nacional. Mesmo estreantes, como o senador Alvaro Dias. Mas algumas figuras desconhecidas têm tudo para roubar a cena (ou pelo menos o palco principal dos memes de internet).

Se você acha as opiniões de Bolsonaro extravagantes, prepare-se para conhecer o Cabo Daciolo. O candidato do Patriota, que foi eleito pelo PSOL, já defendeu o fechamento do Congresso Nacional e, recentemente, subiu à tribuna da Câmara para profetizar a cura de uma colega.

Com a bíblia nas mãos, anunciou que Mara Gabrilli (PSDB-SP), deixaria a cadeira de rodas e começaria a andar entre os deputados. Não foi o que aconteceu. Mas é o prelúdio do que pode vir em uma transmissão ao vivo para todo Brasil.

*Metodologia

Fonte: XP/Ipespe. Metodologia: A pesquisa XP/Ipespe foi feita por telefone, entre os dias 30 de julho e 1º de agosto, e ouviu 1 mil pessoas em todas as regiões do país. O intervalo de confiança é de 95,45%, o que significa que, se o questionário fosse aplicado mais de uma vez no mesmo período e sob mesmas condições, esta seria a chance de o resultado se repetir dentro da margem de erro estabelecida. A margem de erro é de 3,2 pontos percentuais para cima ou para baixo. O levantamento está registrado no TSE pelo código BR-06820/2018. A pesquisa foi encomendada pela XP e realizada pelo Ipespe.

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