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Comissão da Verdade: por favor, sem briga de torcidas

Coube ao diplomata Paulo Sérgio Pinheiro a melhor definição sobre como não deve ser a Comissão da Verdade: um “Fla-Flu”. É óbvio que se trata de um assunto bem mais delicado do que futebol, mas se continuar com ares de briga de torcida o trabalho não vai para frente. Será apenas um catalisador para novos rancores.

Ontem ficou visível a tentativa da presidente Dilma Rousseff de esfriar os ânimos entre os dois lados, dos militares que comandaram a ditadura de 1964-1985 e dos representantes que lutaram contra o regime. Mesmo chorando durante o discurso, ela escolheu a moderação ao dizer que a comissão não será movida por “ódio” ou “revanchismo”. Como ex-presa política, contudo, ela tem seu lado.

Aliás, essa é uma história entre dois polos de difícil reinterpretação. Quem foi perseguido pelo aparato de repressão estatal jamais vai esquecer pelo que passou. E quem grudou na cabeça a ideia de que estava protegendo o país contra um suposto mal maior que seria a instalação de um regime totalitarista de esquerda nunca vai deixar de pensar assim.

Essa premissa parece bem contemplada pela lei que criou a comissão, já que ninguém será punido por ela. Sobra a necessidade de esclarecimento de algumas questões, mais pessoais do que ideológicas. Famílias com entes desaparecidos precisam sim de uma explicação sobre qual foi o paradeiros de seus entes.

No fundo, é esse acerto de contas que a comissão precisa fazer, aí sim, doa a quem doer. O resto é teoria sobre como transformar coxa-branca em atleticano e vice-versa. Ou seja, um profundo desrespeito, principalmente com aqueles que já estão cansados de sofrer.

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