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Como Gleisi virou braço-direito de Dilma

Há algo de diferente no Palácio do Planalto em 2012. Após um primeiro ano de governo bem avaliado, mas muito turbulento politicamente, Dilma Rousseff parece obcecada em driblar novos escândalos e impor uma marca de gestão técnica. Percebeu que não vai atingir o objetivo sozinha e, por isso, delegou de vez a Gleisi Hoffmann o papel de seu braço-direito.

Não que Dilma não confiasse na paranaense quando a nomeou para o lugar de Antonio Palocci na Casa Civil, em junho. O problema é Gleisi, recém-eleita senadora, não tinha o traquejo necessário para coordenar um universo de 38 ministérios.

Os primeiros cinco meses no cargo foram como um cursinho para ser a Dilma da Dilma.
Enquanto isso, outros cinco colegas caíam em efeito dominó na Esplanada. Um caso, o único que não envolveu suspeitas de corrupção, esbarrou direto nela. Em agosto, o então ministro da Defesa, Nelson Jobim, caiu após declarar que Gleisi “nem conhecia Brasília” e que a ministra das Relações Institucionais, Ideli Salvatti, era “fraquinha”.

Não foi a única pancada. No Congresso, parlamentares da base aliada faziam a piada de que Gleisi não tocava os pés no chão quando sentava na cadeira de ministra. “É que ela é muito pequena para o tamanho da responsabilidade”, diziam.

Loira, bonita e com o sotaque estranho (sim, o acento curitibano dói nos ouvidos do restante do país), ela era o alvo perfeito. Sem contar que, ao mirar em Gleisi, o tiro poderia acertar também no marido, o ministro das Comunicações, Paulo Bernardo. Algumas balas passaram de raspão, como a denúncia de que eles teriam utilizado o avião de uma empreiteira que tem negócios com o governo durante a pré-campanha dela para o Senado, em 2010.

Após o período em “treinamento”, Gleisi recebeu a primeira missão de alto risco em novembro. Caberia a ela evitar o caos aéreo nos aeroportos durante as festas de fim de ano. A ministra montou um QG dentro do próprio gabinete, com acesso a imagens dos principais aeroportos do país, ajudou a evitar a greve dos aeroviários e passou no teste.

Logo depois vieram as chuvas em Minas Gerais e no Rio de Janeiro. Gleisi estava de férias, assim como Dilma, e se ofereceu para voltar a Brasília sozinha para gerenciar o caso. Partiu dela a convocação do enrolado ministro da Integração Nacional, Fernando Bezerra Coelho.

Por último, houve a série de encontros que desembocou na reunião ministerial da última segunda-feira, quando ela apresentou o novo sistema de monitoramento do governo. Daí saiu uma das diretrizes de Dilma aos subordinados para 2012: “Gleisi fala por mim”. Todos entenderam que, a partir daquele momento, a marcação seria dobrada.

Um dia depois, a paranaense assinou a demissão do chefe de gabinete do Ministério das Cidades, Cássio Peixoto, citado em reportagem da Folha de S. Paulo como participante de uma negociação com um empresário e um lobista interessados em um projeto milionário da pasta. Agora, está no olho do furacão da guerra com o PMDB em torno do órgão federal de combate à seca.

Além de gestora, Gleisi vai ter de ser pau para toda obra. Por outro lado, vai receber paulada como se fosse a própria presidente. Ao entrar na faxina, não vai ter como escapar da sujeira.

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