Lula e Dilma Rousseff, juntinhos, desembarcam em Pinhais na próxima quinta-feira para um evento de celebração dos dez anos do PT no Palácio do Planalto. Não é todo dia que a atual e o ex-presidente visitam o Paraná. A agenda simboliza a prosperidade petista, mas não significa que tudo esteja um mar de rosas no partido.
A combinação entre economia cambaleante e as constantes crises de relacionamento com o Congresso tem dado força a uma não tão tímida campanha para a volta de Lula. Não se trata de um fenômeno vindo das ruas, nem de uma onda provocada por desentendimentos entre o ex-presidente e a pupila. É um movimento de (bastante) gente que não se adaptou ao estilo Dilma.
Sindicalistas da velha guarda petista nunca esconderam a saudade do ex-presidente. Eles têm voz ativa na bancada do partido em Brasília e contam com o apoio cada vez mais constante de parlamentares de siglas aliadas que na década passada levavam uma vida mais confortável.
Até aí, nada demais. A novidade é o reforço recente de uma parte do empresariado descontente com as convicções de Dilma na economia. A informação, fresca, parte de um petista que conhece bem os meandros do eixo ABC Paulista-Distrito Federal.
Há ainda outros sintomas, mais evidentes, de que nem tudo está tão bem quanto o próprio PT tenta pintar. O modelo de coalizão usado em larga escala desde a gestão Fernando Henrique Cardoso (PSDB), baseado na troca de cargos no Executivo por apoio no Legislativo, está saturadíssimo. A conta é fácil de explicar.
Quando Lula assumiu em 2003, tinha uma Esplanada vazia para montar o seu governo. Após a reeleição, em 2007, havia espaços limitados para alguns ajustes. Quando foi a vez de Dilma, em 2011, só existia lugar para os puxadinhos – não foi à toa que surgiram novos ministérios como o da Aviação Civil e da Micro e Pequena Empresa.
E em 2015, como é que fica? Quem garantiu terreno não quer sair, mas nem por isso dá sinais de acomodação. Todo partido político – mesmos os de mentirinha existentes no Brasil, como diria Joaquim Barbosa – só está na ativa porque tem ambição de poder.
Mais além, também não é difícil prever o cenário de um próximo mandato de Dilma. Se ela já é durona agora, que precisa manter alianças para se reeleger, imagina depois. Por isso o volta Lula funciona na cabeça dos descontentes como uma “mudança segura”, uma forma de fazer o tabuleiro se mexer sem radicalização.
O movimento está longe de ser apenas boato. Só que ainda mais distante de prosperar. Lula pode ser criticado por uma série de decisões políticas, mas não pela postura em relação à própria reeleição.
Se quisesse permanecer no Planalto, era só ter deixado o Congresso aprovar uma emenda que permitisse um novo mandato quando era presidente. Não permitiu. Assim como se manteve fiel a Dilma, saindo de cena depois de 2010.
O problema agora não é como Lula pensa ou age, mas como querem que ele atue. Muita gente caiu do cavalo ao apostar que Dilma seria mesmo o poste desenhado pela oposição, ou melhor, um fantoche nas mãos do ex-presidente. Lula, claro, continua como principal conselheiro político de Dilma, mas quem manda na prática é ela.
Para quem não ama a gerentona, o jeito é deixá-la. O estranho nessa história toda é perceber que Lula parece uma opção mais sólida do que qualquer alternativa da oposição.
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