A imagem dos deputados paranaenses chegando à Assembleia Legislativa de camburão e passando por um buraco improvisado em uma grade (alguém consegue explicar por que tem grades na Casa do Povo?) deixa no ar uma dúvida: por que diabos eles se submeteram a esse constrangimento?
Antes de mais nada, é necessário frisar que o pacotaço não foi uma iniciativa do Legislativo, mas do Executivo. Seria, então, muito mais coerente jogar a necessidade de dar explicações aos professores para o Palácio Iguaçu, logo ali do outro lado da praça.
Havia ainda outra possibilidade: assumir o ônus do projeto, defendê-lo às claras e entrar no Parlamento de cabeça erguida. Se você é um representante do povo, precisa se esconder no banheiro? Com tanta gente filmando, com tanta polícia no local, é preciso mesmo ter tanto medo? Não foi o povo que o elegeu para representá-lo? Não vale responder a essa pergunta caindo no lugar-comum de que aquilo não era povo, que eram “baderneiros”.
Nas manifestações de junho de 2013, aqui em Brasília, quando o povo ocupou (povo não “invade”, ele “ocupa” o que é seu) lembro que a maioria dos jornalistas, inclusive das emissoras de tevê mais criticadas (como Globo e Record), mantinham as credenciais às claras. Havia risco bem maior, mas a imprensa é uma peça da “festa da democracia”, queiram os manifestantes ou não. Quem cumpre o seu papel não precisa baixar a cabeça.
No fim das contas, só há uma explicação para o comportamento dos deputados que toparam dar uma volta de camburão. Eles não sabem agir de outra forma que não seja a submissão ao Executivo. De tanto toparem o papel de capacho, deixam-se constranger no automático, sem nem avaliar o tamanho da bobagem.
Na maior parte do tempo, ninguém acha estranho simplesmente porque não está prestando atenção. Não foi o que aconteceu ontem, um vexame em praça pública.
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Veja as imagens da entrada triunfal dos deputados na Assembleia aqui.
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