O eleitor paranaense que marcou 45 para governador nas eleições deste ano muito dificilmente deve ter digitado 13 para presidente. E vice-versa. Imaginava, pelo menos baseado na propaganda, que uma opção era radicalmente oposta à outra.
Passado pouco mais de um mês do segundo turno, os eleitos Beto Richa (PSDB) e Dilma Rousseff (PT) compartilham os mesmo problemas e as mesmas estratégias para resolvê-los. Com graves dificuldades de caixa, o governo federal preparou um pacote que inclui a volta da cobrança da Cide, contribuição que regula o preço dos combustíveis.
Já o tarifaço do tucano aumenta o IPVA e o ICMS da gasolina e de itens de consumo popular, como alimentos, produtos de higiene, medicamentos e eletrodomésticos. Em Brasília, a estimativa é de aumento de receita de R$ 14 bilhões. No Paraná, de R$ 1,5 bilhão.
Há muitas outras semelhanças de estratégia pós-eleitoral. Dilma pôs sua imensa base aliada no Congresso Nacional para aprovar a proposta que libera o governo de cumprir a meta de superávit fiscal. Richa prepara sua igualmente gigante parcela de parceiros na Assembleia Legislativa para “tratorar” seu pacote de maldades.
Aliás, grande parte desses aliados são formalmente situacionistas lá e cá. Além do PT, a coligação que elegeu Dilma contou com oito partidos. Metade deles também estava na chapa de Richa (PSD, PP, PR e PROS), que tinha um total de 17 siglas.
Assim como fizeram nos primeiros mandatos, Dilma e Richa vão lotear o primeiro escalão de suas gestões entre essa turma toda. E até nas (poucas) escolhas “técnicas” o jeitinho é similar. Mauro Ricardo Costa, novo secretário estadual da Fazenda, e Joaquim Levy, novo ministro da Fazenda, são famosos por não ter medo de arrocho fiscal.
Ambos foram importados com a missão de colocar as contas em dia. Curiosamente, para tapar buracos deixados pelos próprios reeleitos. Dilma e Richa parecem ter muito mais dificuldades com os legados deixados por eles mesmos do que com os recebidos de Lula e Roberto Requião, em 2011.
Finalmente, até as justificativas para o terrível cenário atual são as mesmas. Dilma bate na tecla de que a economia brasileira e as contas públicas federais vão mal por causa da crise internacional (que aconteceu em 2008). Richa garante que os problemas do Paraná são causados por Brasília (mesmo com o dado de que, entre 2011 e 2014, o Paraná foi o estado que mais aumentou suas receitas).
Eleitores mais apaixonados podem até tentar enumerar uma porção de diferenças entre Dilma e Richa. É claro que elas existem. Mas é necessário ressaltar que, no final das contas, o que importa é como eles administram, como implementam aquilo que propuseram nas eleições.
Tem gente que coloca a culpa no sistema político, que qualquer um no lugar deles faria a mesma coisa. Será? No mundo real, aquele das pessoas que pagam impostos (e não das que criam ou aumentam), quem acha que o culpado é sempre o outro raramente vai para frente.
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