Encontre matérias e conteúdos da Gazeta do Povo

Dilma e Beto Richa: uma relação que precisa ser reconstruída. Não se sabe como

Beto, Dilma e a ministra Miriam Belchior anunciam o metrô. Não hoje, mas em 2011. Foto: Roberto Stuckert Filho/PR

Beto, Dilma e a ministra Miriam Belchior anunciam o metrô. Não hoje, mas em 2011. Foto: Roberto Stuckert Filho/PR

O Paraná manteve ontem o tabu antipetista. Nas últimas três disputas presidenciais, o mais votado no estado foi um tucano – Geraldo Alckmin, José Serra e, agora, Aécio Neves. Mas nenhuma circunstância se compara à atual.

Aécio deu um baile em Dilma Rousseff entre os eleitores paranaenses. Tanto no primeiro turno (49,79% a 32,54%) quanto no segundo (60,98% a 39,02%). E quem conduziu a banda do PSDB, sem desafinar, foi o governador Beto Richa.

Há quatro anos Richa toca um eficiente samba de uma nota só, com o seguinte refrão: a gestão Dilma Rousseff persegue o Paraná. A estratégia fulminou a campanha da ex-ministra da Casa Civil, Gleisi Hoffmann (PT), que ficou em um amargo terceiro lugar na briga pelo Palácio Iguaçu. E criou o ambiente eleitoral dos sonhos para Aécio.

A construção da tese contra a presidente foi calcada na demora para a liberação de mais de R$ 3 bilhões em empréstimos nacionais e internacionais negociados por Richa que dependem do aval da União. Havia pelo menos um fato concreto para esperneio. Com quase dois anos de demora, o Paraná foi a última unidade da federação a receber sua parcela de R$ 817 milhões de uma linha de crédito criada pelo governo federal justamente para ajudar os estados a enfrentar a crise econômica internacional.

A Secretaria do Tesouro Nacional, que faz os estudos técnicos para avalizar os financiamentos, sempre alegou que demorou para liberar os acordos porque o Paraná descumpria uma série de requisitos financeiros. O principal deles seria o limite de gastos com pessoal na Lei de Responsabilidade Fiscal. Richa foi ao Supremo Tribunal Federal, que determinou em decisão liminar que a União deveria seguir as contas aprovadas pelo Tribunal de Contas do Paraná.

Richa usou amplamente na campanha a tese de que o cerco de Dilma e Gleisi prejudicou brutalmente as contas do estado, que quase não conseguiu pagar o 13.º do funcionalismo em 2013 e acumulou uma dívida com fornecedores que superou R$ 1 bilhão. Passada a eleição, determinou o corte de 30% nas despesas de custeio para equilibrar o caixa. Detalhe: os empréstimos já tinham sido liberados.

A propaganda eleitoral do PSDB foi além – instigou o eleitor paranaense a “dar o troco no PT”, usando dados de uma reportagem da Gazeta do Povo que apontava que a cada R$ 42,6 em tributos federais pagos pelo estado, o governo federal só mandava de volta R$ 1. Claro, os marqueteiros não explicaram que os números correspondiam a um levantamento de mais de uma década, que também incluía o governo FHC. Também não mencionaram que os dados se referiam apenas a investimentos, ou seja, não incluíam o grosso das despesas da União com o estado, como as transferências constitucionais.

É com esse ambiente de terra arrasada que recomeça, hoje, a relação entre Richa e Dilma. Difícil prever como serão restabelecidas pontes entre os dois lados. Por enquanto, o Paraná segue no rio, nadando contra a correnteza e sem perspectiva de quando deixará de ser o patinho feio da federação.

Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Principais Manchetes

Receba nossas notícias NO CELULAR

WhatsappTelegram

WHATSAPP: As regras de privacidade dos grupos são definidas pelo WhatsApp. Ao entrar, seu número pode ser visto por outros integrantes do grupo.