Políticos de direita acabam de ganhar a quinta eleição presidencial seguida na América do Sul. Desde 2015, somam-se vitórias na Argentina (Mauricio Macri), Peru (Pedro Pablo Kuczynski, que caiu por corrupção e foi substituído por outro direitista, Martín Vizcarra), Chile (Sebastián Piñera), Paraguai (Mario Abdo Benítez) e, neste domingo (17), Colômbia (Ivan Duque). Ah, no meio dessas disputas, Nicolás Maduro foi “eleito” para mais seis anos de mandato na Venezuela, mas como sabemos não foi exatamente uma “eleição”.
Uma análise óbvia indica a fadiga do modelo de esquerda bolivariana que imperou no continente ao longo da década passada. Ele ainda suspira na Bolívia, onde Evo Morales foi recentemente autorizado pelo Congresso a disputar mais uma reeleição em 2019. E capitulou fora das urnas no Equador, onde Lenín Moreno (nome simbólico, não?) rompeu com o “mentor” Rafael Corrêa, e no Brasil, com a queda do PT e ascensão de Michel Temer.
Falando em Brasil, o que a surra recente levada pelas esquerdas sul-americanas terá de efeito na eleição presidencial de outubro? Não é uma resposta simples. Tradicionalmente, política externa não passa nem perto dos principais fatores de decisão do eleitorado brasileiro.
Pode anotar aí: economia, desigualdade e segurança pública serão assuntos infinitamente mais decisivos nos debates que diplomacia internacional (no geral, bolso pesa mais que pose). Mas há um aspecto lateral que, se não fere de morte, ajuda a queimar o filme da esquerda: a ideia de que existe um “Eixo do Mal” que quer tomar o continente e quiçá o mundo.
A materialização disso é o Foro de São Paulo, uma conferência de partidos e organizações de esquerda em funcionamento desde 1990. Jair Bolsonaro captou a mensagem que paira no ar. Ele comemorou a eleição de Iván Duque na Colômbia dizendo que a “máfia bolivariana” precisa ser combatida.
A ideia em torno do foro, porém, é só um biombo para o verdadeiro risco que é a cultura de populismo das lideranças políticas sul-americanas. Classifique-se esse fenômeno como toda corrente que leva “ismo” no final: kirchnerismo, lulismo, chavismo. Mas populismo não é monopólio da esquerda – basta checar a face oculta do uribismo que colaborou decisivamente para o resultado colombiano.
Nomes como Bolsonaro captaram a carga tóxica da esquerda bolivariana e vão usá-la exaustivamente porque a onda vermelha virou – o que não quer dizer que o eleitorado tenha dispensado o discurso populista. Se continuar jogando suas fichas pelas regras do jogo da década passada, os esquerdistas latinos vão continuar apanhando a cada nova eleição. O próximo embate é no Brasil e, por aqui, a insistência em um candidato que nem poderá concorrer só prenuncia a lavada que vem pela frente.
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