Numa rara entrevista em que demonstrou nervosismo, o vice-presidente Michel Temer (PMDB) soltou uma pérola sobre o futuro do país, ontem, após reuniões com “aliados” do governo Dilma Rousseff.
Segundo ele, o país precisa de “alguém que tenha capacidade de reunificar a todos”.
Quem seria essa pessoa? Há duas interpretações: ele, Temer, ou uma personificação do Congresso Nacional, ou seja, o PMDB.
Eis que hoje pela manhã os deputados decidem votar quatro contas de ex-presidentes e preparam o terreno para avaliar os dados de 2014 de Dilma Rousseff – aqueles das pedaladas fiscais. Ao mesmo tempo, uma pesquisa Datafolha mostra que a rejeição a Dilma chega a 71%, superior à de Collor.
É a senha para mostrar que o caminho para o impeachment está aberto. Portanto, chegou a hora de pensar seriamente no que vem depois.
Teríamos o PMDB no comando das presidências da República, da Câmara e do Senado. Na primeira cadeira, alguém eleito na chapa da presidente afastada, nas outras duas, investigados pela operação Lava Jato.
O que isso muda essencialmente na vida dos brasileiros? O PMDB possui um plano diferente do ajuste fiscal de Dilma e Joaquim Levy para tirar a economia do buraco? A corrupção vai diminuir?
Pois é, você sabe qual é a resposta.
PMDB é sócio majoritário de todos os problemas enfrentados pelo país atualmente. E não vai passar a ser solução de uma hora para outra.
No fundo, o PMDB só está sendo o PMDB. Ou melhor, o “imobilismo em movimento”, segundo o livro do filósofo da Unicamp Marcos Nobre.
A obra descreve o “peemedebismo” como o eixo central da política brasileira há três décadas. Uma força que blinda qualquer possibilidade de transformação de fato no país.
Se o partido comandar o poder central de fio a pavio, não seremos governados por nada mais que a nossa política em estado puro. O que só comprova a tese da nação do voo de galinha, que só sabe andar em círculos e que, volta e meia, percebe que nunca saiu do governo Sarney.
Bem-vindo, de novo, a 1985.
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