O presidente do PSL, Gustavo Bebbiano, disse nesta quarta-feira (22) que há 40% a 50% de chances de Jair Bolsonaro não ir a mais debates de televisão. É direito dele. E uma oportunidade para resolver outro problema: a ausência do candidato do Novo, João Amôedo.
Bebbiano declarou que Bolsonaro está de “saco cheio desses debates inócuos, que não levam a nada”. Enquanto isso, apoiadores de Amoêdo fazem abaixo-assinados e berram na internet contra a ausência dele dos encontros na televisão (como o Novo não tem representação mínima de cinco congressistas, as emissoras não tem obrigação de convidá-lo). Um deles, no site change.org, reunia mais de 350 mil assinaturas até às 11 horas desta quinta (23). A meta é conseguir 500 mil.
Trocando em miúdos: Amoêdo quer se jogar na fogueira, Bolsonaro não quer se queimar. Nada indica que essa troca de reféns vai acontecer, é uma elucubração, mas qualquer movimento desse gênero tem potencial para ferir de morte os planos de vitória bolsonarista.
Ao que tudo indica, a teoria do “debate inócuo” está ligada ao enfrentamento entre Marina Silva (Rede) e Bolsonaro no encontro da RedeTV!, dia 17. Marina o questionou sobre a afirmação dele de que a diferença salarial entre homens e mulheres não é uma questão a ser debatida por já ser vetada pela Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT).
Ligada a esse fato ou não, a última pesquisa Datafolha, que entrevistou eleitores entre os dias 20 e 21 (depois do debate), detectou um aumento de nove pontos percentuais na rejeição do eleitorado feminino a Bolsonaro. Ao todo, 43% das entrevistadas disseram que não votariam nele de jeito nenhum (eram 34% na sondagem anterior). Em 2018, as mulheres representam 52% de todo eleitorado.
A campanha de Bolsonaro ligou um primeiro sinal de alerta com Marina e sinalizou que vai usar o termo “solidariedade” para aplacar a imagem de extremista. Logo depois, vieram as declarações de Bebbiano sobre debates. No cenário sem Lula medido pelo Datafolha, Bolsonaro lidera com 22%, seguido por Marina com 16% – a margem de erro é de dois pontos percentuais, o que revela a proximidade entre ambos.
Tecnicamente, Bolsonaro briga com Marina pelos indecisos e pelos futuros órfãos do ex-presidente, que deve ter a candidatura impugnada até meados de setembro. Marina é o grande alvo, como mostram as pesquisas, mas ele ganhou recentemente outros dois inimigos íntimos com potencial de atrapalhá-lo. Cabo Daciolo (Patriota), no campo dos costumes, e Amoêdo, nas propostas liberais para a economia.
Juntos, os dois têm só 3% no cenário sem Lula. É pouco, mas a dupla tem viés de alta. E em uma eleição acirrada, podem roubar votos suficientes para eliminar Bolsonaro do segundo turno. Em 1989, Lula e Leonel Brizola (PDT) brigaram voto a voto, dentro do mesmo espectro político, e o petista levou a parada com 17,18% dos votos válidos contra 16,51%.
Ao não ocupar os espaços que têm, Bolsonaro abre janela para ser tachado de fujão e para que outros ocupem seu lugar (Daciolo, por exemplo, tem de estar obrigatoriamente presente nos debates). Alegar “saco cheio” será mais do que uma desculpa esfarrapada e tende conduzi-lo para um beco sem saída.
Metodologia
O Datafolha ouviu 8.433 pessoas em 313 municípios, de 20 a 21 de agosto. A margem de erro do levantamento é de dois pontos percentuais para mais ou menos. A pesquisa é uma parceria da Folha e da TV Globo e foi registrada no Tribunal Superior Eleitoral sob o número BR 04023/2018. O nível de confiança é de 95%.
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