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Eles não querem saber de profetas



Artigo publicado hoje na Gazeta do Povo, no caderno Mundo:

Um barbudo de origem humilde falando de paz na Terra Santa não é exatamente uma novidade na história da humanidade. A surpresa é que esse homem seja brasileiro.

Quando o jornal israelense Haaretz definiu Lula como “profeta do diálogo”, na semana passada, a viagem do presidente pelo Oriente Médio ganhou contornos quase bíblicos. Parece que enfim chegou o cara capaz de resolver o confronto entre Israel e Palestina.

Pura crendice.

Estive em Israel em janeiro para participar de um curso sobre jornalismo em áreas de conflito. Tive contato com todo tipo de gente, especialmente pessoas ligadas à política e à diplomacia israelense.

A cada oportunidade, perguntava como eles viam o interesse de Lula em intermediar o conflito com os palestinos. Ninguém aferiu legitimidade no Brasil para dar pitaco no Oriente Médio.

Primeiro porque no mundo real das relações internacionais o Brasil é uma figura em ascensão, mas ainda distante de ser consolidada. É só ver as trapalhadas recentes do país em Honduras e no trato aos prisioneiros políticos em Cuba.

O segundo e mais importante ponto é a aproximação do governo brasileiro com o Irã. Nada provoca mais arrepios nos israelenses do que aceitar conselhos de um parceiro declarado da dupla Ali Kamenei e Mahmoud Ahmadinejad.

Não é por isso, porém, que devemos crucificar o nosso barbudo. Se Lula é equivocado na relação com o Irã, dá exemplo aos Estados Unidos ao fazer gestos claros favoráveis à paz, como tratar com igualdade israelenses e palestinos.

O problema é que são só gestos – e devem ser interpretados dessa maneira, nas suas reduzidas proporções. Achar de verdade que Lula pode jogar para valer como grande mediador no Oriente Médio é outra história, bem difícil de crer.

De profetas, tanto muçulmanos como judeus já estão cheios.

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