Centrais sindicais, partidos e movimentos sociais como a UNE e o MST foram escanteados das manifestações recentes que tomaram conta do Brasil. Hoje, eles tentam recuperar o protagonismo das ruas com uma porção de protestos pelas grandes cidades do país, com o Dia Nacional de Lutas. Resta saber se as ruas continuam as mesmas depois do que tudo que aconteceu.
A “Revolta da Tarifa” foi (ou continua sendo) algo singular, que começou com a redução da passagem e se transformou em rebeldia coletiva contra a qualidade dos serviços públicos brasileiros. O espírito da coisa está na liberdade da autoconvocação, na ausência de líderes e, principalmente, no distanciamento dos modelos tradicionais de organização feitos por sindicatos e partidos. Aliás, levantar bandeiras de partido (qualquer um) nessas manifestações é pedir para ser xingado (ou agredido).
Já o protesto de hoje resgata o modelo clássico dos protestos no Brasil. Há paralisações de serviços, líderes conhecidos e uma pauta preordenada de reivindicações. Tudo isso em um esquema assembleísta e hierarquizado (para não dizer profissional mesmo), o oposto da ideia da autoconvocação.
Qual dos dois modelos é melhor? Antes de mais nada, fuja dessa história de certo ou errado. A questão é que eles são diferentes.
E se há um lado realmente bom na história é que as centrais sindicais estão tendo que se mexer. E, principalmente, tendo que deixar de lado (ao menos um pouco) o espírito chapa-branca que as tornou meros satélites da administração petista na última década.