Céu de inverno em Curitiba. Crédito da foto: Albari Rosa.| Foto:

O “Dia do Não Fico” de Joaquim Barbosa (PSB) foi o último marco antes da era do gelo da eleição presidencial. Quando o outsider competitivo que restava deixou o cenário, começamos um inverno de temas interessantes ao leitor, período propício para negociações (ou negociatas mesmo) da velha política. Quanto menos barulho vindo de fora, mais confortáveis as conversas de gabinete para definir qual partido vai com qual e como você vai se dar mal.

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Se tudo continuar correndo do jeito que está, especialmente com Lula batendo o queixo no frio do seu cárcere curitibano, viveremos um ambiente modorrento até quatro, cinco semanas antes da eleição. Ao que consta, o PT vai continuar com a lenga-lenga de lançá-lo candidato. É uma novela com desfecho previsível: o final de agosto, quando Lula deve ter o registro de candidatura negado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

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A partir daí, será colocado em prática o tão esperado plano B do PT. Que, convenhamos, ninguém sabe cravar hoje qual será, mas que não tem como ser muito sofisticado e inevitavelmente vai começar a ser colocado em ação antes da debacle lulista. Pode ser um plano kamikaze, como lançar um poste como Fernando Haddad ou simplesmente não ter candidato nem apoiar ninguém para gastar mais dinheiro nas campanhas para Câmara e Senado. Como pode ser um plano com perspectiva de vitória, como entrar na canoa de Ciro Gomes (PDT), o que sobrou da esquerda com uma porção não tão irrisória de intenção de votos.

Todo esse enredo não vai causar um grande choque num eleitor anestesiado por um debate pré-eleitoral em que nada mais parece ser capaz de chocar. Do “comer gente” de Bolsonaro à naturalidade de um candidato presidiário, não tem como descer ainda mais ao fundo do poço. Aliás, no Brasil, até os traumas mais traumáticos têm curta validade.

Eduardo Campos (PSB) morreu em uma tragédia aérea a apenas 52 dias do primeiro turno de 2014. A entrada no páreo de Marina Silva colocou fogo na disputa – em duas semanas, ela saltou para a primeira colocação nas pesquisas – mas não foi suficiente para contrapor a velha política. Dilma Rousseff (PT) foi ao segundo turno com Aécio Neves (PSDB) e a Lava Jato precisou de pouco tempo para nos mostrar a duplinha com quem fomos nos meter.

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O inverno das eleições é particularmente triste porque quase tudo o que os candidatos poderiam dizer já foi dito e o que eles deveriam dizer não dizem. É o momento de um discurso deliberadamente raso. Marina, Bolsonaro e Alvaro Dias (Podemos), que flertam com o eleitor descontente com a política tradicional, são até agora reprodutores de ideias vagas e soluções fáceis.

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Como vão se equilibrar entre seus partidos nanicos, pesadas demandas sociais por mais emprego e segurança pública, ao lado de um presidencialismo de coalizão que ainda interessa aos partidões? Montando um ministério de notáveis de fora da política? No gogó? Na porrada? Tudo lindíssimo visto de fora.

Se for para apostar, o debate só vai amadurecer (se amadurecer) no segundo turno. E, ainda assim, dependendo de quem chega lá. Sairemos no lucro se essa for nossa primavera, porque o verão mesmo está a cada dia mais difícil prever quando volta.

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