Garibaldi Alves é um prato cheio para o preconceito. Nordestino, gordinho, parece sempre meio lento das idéias. A performance do potiguar como presidente do Senado, porém, é louvável.
Aos fatos.
Garibaldi assumiu o posto após o furacão Mônica Veloso. Saiu meio que do nada, como uma solução meramente paliativa para um mandato-tampão de menos de dois anos. Evitar confusão parecia sua única meta.
Pois Garibaldi meteu-se nas confusões necessárias. Vestiu a camisa das mudanças na tramitação de medidas provisórias, em contraponto ao Palácio do Planalto. E, sobretudo, peitou o corporativismo dos colegas quanto ao nepotismo.
Entre todo o funcionalismo público federal, o Senado sempre foi considerado um reino encantado. Salários altíssimos, trens da alegria e a proteção incondicional dos “lordes da República” (é assim mesmo que a maioria dos senadores se acha) sempre marcaram a parte azul do Poder Legislativo.
Até que o manso Garibaldi se rebelou. Ontem fez algo antes impensável e afastou o advogado-geral do Senado, Alberto Cascais, aquele que cavou brechas como o “critério de anterioridade” para driblar a súmula anti-nepotismo. Parece pouco, mas foi um duro choque de realidade na terra da fantasia.
A três meses da nova eleição para a presidência do Senado, resta quase nada o que fazer a Garibaldi. Afinal, ele não pode obrigar os colegas a viajar para Brasília e discutir os grandes temas nacionais. Ao encarar de frente o problema do nepotismo, ele ao menos fez mais do que Renan. E sem confusão.
Do mesmo saco?
Parece que a Fundação de Ação Social será transformada em secretaria especial para que Fernanda Richa continue na prefeitura. O gesto igualaria Beto Richa ao governador Roberto Requião no trato ao nepotismo. Nem os 77% dos votos que garantiram a reeleição do tucano desautorizam a comparação.
E ponto final.
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