Colaboração para o blog de quem está no front da cobertura da greve de ônibus em Curitiba, Diego Ribeiro e Raphael Marchiori, jornalistas da Gazeta do Povo
Reféns do sistema. É como moradores de Curitiba e região metropolitana podem se sentir após a greve do transporte coletivo nesta semana. Sequestraram o direito de ir e vir, usando o transporte público. Esse sentimento foi demonstrado inúmeras vezes em cada pessoa ouvida pela imprensa que não pode ir ao trabalho ou voltar dele. Na boca dos trabalhadores e sindicalistas, a paralisação é motivada pela falta do adiantamento quinzenal do salário dos cobradores e motoristas.
Na prática, eles estão na linha de frente em defesa dos empresários, que não receberam o repasse do subsídio estadual para o município desde outubro, correspondente a R$ 16 milhões. Sem isso, os empresários argumentam não ser possível efetuar o que devem aos trabalhadores. Até mesmo trabalhadores reconhecem isso. Um deles chegou a confidenciar à Gazeta do Povo que gostaria de estar trabalhando, mas que a greve foi uma saída “armada pelos patrões” para que o poder público pague os valores atrasados.
Essa posição está representada de forma emblemática na rede social Facebook pelo advogado do Sindicato dos Motoristas e Cobradores de Curitiba (Sindimoc), Elias Mattar Assad. Em sua página, ele que, frise-se, defende os trabalhadores, publicou a justificativa das empresas. “Greve ônibus Curitiba: Se os patrões não têm hoje R$ 4.599.345,65 do adiantamento, não terão mais que o dobro disto para pagar salários e encargos nos próximos dias. Não estou vendo nem o túnel, quanto mais a luz no final dele”, comentou.
A crise do transporte público da rede integrada ainda expõe outro ponto contra os empresários. Eles alegam prejuízos, mas não é o que os números oficiais dizem. Reportagem recente da Gazeta do Povo mostrou que de 2011 até o final do ano passado, as empresas receberam como lucro R$ 241 milhões como lucro. Na verdade, dizem operar com um prejuízo de R$ 760 milhões — fruto de investimentos realizados em 2010 e que não vem sendo recuperados na velocidade esperada. Mas, mesmo com esse cenário, pode-se arguir que as empresas poderiam arcar momentaneamente com a falta do subsídio e manter o pagamento dos trabalhadores em dia.
Enquanto isso, população segue sendo prejudicada e a imagem do Sindimoc e das empresas de ônibus estão ainda mais desgastadas. O ônus político pode ficar com Beto Richa e Gustavo Fruet, governador e prefeito, mas o sentimento de frustração nas ruas também joga contra os motoristas e cobradores. Semana que vem, pode ter mais greve. Quem perde mais?
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