O número de pessoas que foram às ruas ontem em todo Brasil para pregar o Fora Dilma caiu a menos da metade, de 2 milhões para 700 mil. Deixe a matemática de lado e pare para pensar – 700 mil pessoas saírem de casa em um domingo para protestar contra a presidente e seu partido continua sendo algo estrondoso. E se na próxima vez houver “só” 300 mil, vale a mesma lógica.
A redução do número é um dado bem menos relevante que outra constatação: não há perspectivas de futuro para o movimento. Ninguém aguenta manter de pé por muito tempo uma tese meramente destrutiva.
Não é uma questão política, mas de comportamento humano. Duvida? Dê uma olhada no filme chileno No, que trata do plebiscito chileno para decidir se o General Augusto Pinochet deveria permanecer no poder, em 1988. Para se livrar do ditador, os responsáveis pela campanha do “não” tiveram de entortar o conceito para fazer com que ele parecesse positivo, uma alternativa de futuro para o país.
Se da atual fúria antipetista não sair sequer uma diretriz propositiva, a única consequência será entregar o país para Michel Temer e o PMDB.
Isso muda alguma coisa? Ou depois vai se iniciar uma nova onda de protestos para derrubar Temer? E correr o risco de substituir Temer por Eduardo Cunha em uma eleição indireta muda alguma coisa?
As manifestações demonstraram claramente que há espaço para uma nova força política no país. O mesmo fenômeno de descontentamento das ruas fez surgir partidos com enorme potencial na Itália (Movimento Cinco Estrelas), Espanha (Podemos) e Grécia (Syriza). No Brasil, a tendência hoje é de uma aproximação de parte dos manifestantes aos partidos de oposição.
Mais uma vez: isso muda alguma coisa?
Há caldo social suficiente nas manifestações para a fundação de um novo partido – liberal na economia, conservador nos costumes. Se vai ser competitivo, é outra história.
A encruzilhada do momento não é saber se o melhor caminho é Dilma ou Aécio. É saber se as manifestações vão servir para ajudar a propor algo novo para o país ou apenas para fortalecer ou enfraquecer setores que de mudança real não querem nada.
Isso sim mudaria alguma coisa.
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