Em outubro de 2013, o então presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Joaquim Barbosa, foi sabatinado ao final da Conferência Global de Jornalismo Investigativo, no Rio de Janeiro. Barbosa era uma celebridade: o juiz destemido que, mesmo indicado por Lula, detonou o mensalão petista. Um “Batman” com dor nas costas (lembra dele em pé durante os julgamentos?), o cara que deu de dedo em Gilmar Mendes (“eu não sou um dos seus capangas do Mato Grosso”).
LEIA MAIS: Marina Silva e Joaquim Barbosa juntos: casamento perfeito ou divórcio na certa?
Naquele dia, Barbosa abriu pela primeira vez a possibilidade de ingressar na carreira política. Sinalizou que teria tempo para “refletir” sobre isso após se aposentar do cargo de ministro, o que ocorreu menos de um ano depois. “Sempre tive uma carreira técnica, nunca tive nenhuma mudança, nem envolvimento mesmo estudantil. Agora, no dia que eu deixar o STF, como entrei ainda relativamente jovem, terei tempo para refletir. Mas só depois”, afirmou.
Para quem não lembra, Barbosa já era listado em pesquisas presidenciais. Em agosto de 2013, o Datafolha apontava que o então ministro tinha 11% das intenções de voto, em um cenário com Dilma (33%), Marina (22%), Aécio Neves (12%) e Eduardo Campos (6%). Todos sabemos como essa história acabou: Barbosa sumiu do mapa, Dilma e Aécio polarizaram a campanha e o país se meteu no buraco em que está.
Após fazer críticas ao modelo político brasileiro, Barbosa cobrou a realização de uma reforma política que permitisse a apresentação de candidaturas avulsas. E confirmou não ter nenhuma simpatia pelos então pré-candidatos. “Acho que o quadro político-partidário do Brasil não me agrada nem um pouco. Nem um pouco.”
Barbosa dava toda a letra de que queria ser candidato, mas não estava disposto a enfrentar a imundície partidária. Fazia e ainda faz muito sentido. Luciano Huck, mesmo com as bênçãos de Fernando Henrique Cardoso, enfrentou o mesmo problema e preferiu correr da raia.
LEIA MAIS: PSB quer formalizar candidatura de Joaquim Barbosa e partir para ‘vaquinha’
Algo semelhante ocorre com Jair Bolsonaro, um peixe fora d’água no PP que sofreu nas mãos de caciques nanicos do PEN/Patriota e acabou no modesto Partido Social Liberal (Existe Social Liberal?) para ter legenda. Barbosa topou o risco de mergulhar em uma piscina turva ao se filiar ao PSB. O capítulo atual da novela é saber se conseguirá sobreviver ao ambiente interno para ser candidato.
Nesta quinta-feira (19), ocorre o primeiro contato com a cúpula do partido, que também abrigou transitoriamente Marina Silva em 2014. Conviver com esse ambiente de micropoder da velha política é como um vestibular para que ele mesmo descubra se tem algum talento para as grandes negociações com o Congresso. Barbosa teve quatro anos para treinar o estômago para essa tarefa indigesta – resta saber a cara que ele vai fazer quando o prato do dia for servido.
Bolsonaro e mais 36 indiciados por suposto golpe de Estado: quais são os próximos passos do caso
Bolsonaro e aliados criticam indiciamento pela PF; esquerda pede punição por “ataques à democracia”
A gestão pública, um pouco menos engessada
Projeto petista para criminalizar “fake news” é similar à Lei de Imprensa da ditadura
Triângulo Mineiro investe na prospecção de talentos para impulsionar polo de inovação
Investimentos no Vale do Lítio estimulam economia da região mais pobre de Minas Gerais
Conheça o município paranaense que impulsiona a produção de mel no Brasil
Decisões de Toffoli sobre Odebrecht duram meses sem previsão de julgamento no STF