Afastado da política desde que deixou o Palácio Iguaçu, em 2002, Jaime Lerner participa amanhã de uma solenidade no Senado em homenagem à esposa Fani, que morreu em maio do ano passado. A ex-primeira-dama do Paraná receberá in memoriam o diploma Mulher-Cidadã Bertha Luz, prêmio que estimula a participação feminina na vida pública.
Mas não será apenas essa a viagem no tempo proporcionada ao ex-governador pelos corredores do Congresso Nacional.
É quase certo um encontro com os irmãos Alvaro e Osmar Dias. Os mesmos que, juntos com o então senador Roberto Requião, endureceram o governo Lerner no final dos anos 90. Graças especialmente ao empenho da dobradinha Osmar-Requião, o ex-governador teve de promover uma das maiores reviravoltas da história política do estado.
Em 1997, o ainda pedetista Jaime Lerner sofria para aprovar no Senado empréstimos internacionais de R$ 476 milhões para o Paraná, que seriam aplicados em projetos de educação, saneamento (ParanáSan) e agricultura (Paraná 12 meses). Osmar era o relator da proposta e, com base em pareceres técnicos da Secretaria do Tesouro Nacional, votou contra. A tese era de que o Paraná não tinha capacidade de endividamento.
Em uma tabelinha com Osmar (na época filiado ao PSDB), Requião sobrestou a matéria e colaborou para que a aprovação final dos empréstimos demorasse 536 dias. Pouco afeito aos meandros da política nacional, Lerner teve de usar todas as forças para passar por cima dos rivais. Como naquela época fidelidade partidária ainda era coisa de filme futurista, trocou o PDT pelo PFL e selou uma duradoura aliança com o governo tucano de FHC.
De brinde, o senador Francelino Pereira (PFL-MG) redigiu o voto vencedor a favor da contratação dos empréstimos, substituindo o de Osmar. Também pelo embalo da costura feita em Brasília, Lerner impôs a Requião a única derrota eleitoral da carreira e reelegeu-se governador ainda no primeiro turno, em 1998.
Continuou tomando pancada dos senadores paranaenses, mas cumpriu o segundo mandato e retirou-se de cena.
De lá para cá, Osmar e Alvaro trocaram o PSDB pelo PDT. Alvaro ainda voltou para o ninho tucano, enquanto Osmar continua no partido e é líder pedetista no Senado. Em 2006, contra Requião, até contou com um discreto apoio de Lerner na campanha pelo Palácio Iguaçu.
Difícil saber se essa aproximação quebrou o gelo no relacionamento entre os dois. Ao aproximar-se do PT em uma provável coligação para a disputa de outubro, Osmar tem batido em vários pontos que remetem à gestão lernista, como a privatização do Banestado.
Em contrapartida, o ex-governador só saiu da toca nos últimos meses para escrever um artigo em que voltou a defender a venda do banco. Com Alvaro, a relação também sempre foi instável. Nesse cenário, o que se pode esperar para amanhã é um encontro meramente protocolar.
Apesar disso, uma questão permanece no ar. Mesmo fora dos holofotes, Lerner tem seu peso no ideário político paranaense – para o bem e para o mal. Mas será que ele vai se posicionar nas próximas eleições?
Mesmo que não seja definitiva, a resposta pode começar a sair do plenário do Senado – assim como aquela reviravolta de 1997.
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