Lula vai completar nesta terça-feira (17) à noite 10 dias de cárcere em Curitiba. De lá para cá, o dólar subiu 1,78%, a Bovespa oscilou entre dois pontos porcentuais para cima e para baixo, o PT voltou a ser a maior bancada na Câmara dos Deputados e Lula continua em primeiro lugar nas pesquisas*. Ao que consta, a Terra continua girando e os únicos pontos fora da curva foram cinco dias de sol seguidos em Curitiba (milagre que acabou no último sábado) e o Atlético conseguir ganhar do Coritiba em uma final.
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Em Brasília, Michel Temer continua governando com a força jovem de Moreira Franco e Eliseu Padilha. Em São Paulo, Geraldo Alckmin segue com o carinho da Justiça e o desdém do eleitor.
Do lado esquerdo do país, os dois postes de Lula, Manuela D’Ávila (PCdoB) e Guilherme Boulos (PSOL), permanecem sem dar luz. Do direito, Jair Bolsonaro (PSL) bate no teto e os novatos Flávio Rocha (PRB) e João Amoêdo (Novo) ainda são ilustres desconhecidos.
De um lado e de outro, era ingênuo imaginar que as coisas mudariam drasticamente após a prisão de Lula. Não, não passamos a viver em um país livre da corrupção. Muito menos passamos a viver em um regime de exceção. Não houve convulsão social e o acampamento na frente da Polícia Federal vai até mudar de lugar.
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Somando todas essas peças, temos uma má notícia para lulistas e antilulistas: Lula não é tão importante assim a ponto de, pelo fato de estar preso, colocar nossas vidas de cabeça para baixo. Aliás, nem solto ele tem essa capacidade. A política gosta dessa lenga-lenga, neofanáticos e oportunistas idem, mas para o cidadão comum amanhã é dia de trabalho ou de procurar trabalho (o que, sim, é uma questão urgente urgentíssima).
Por isso não é de se estranhar que a pesquisa Datafolha* pós-prisão tenha tantas informações “congeladas” na comparação com a anterior, de janeiro. Lula caiu de 37% para 31% em suas melhores performances. Sem contar a margem de erro, o fato de ele estar atrás das grades tirou apenas 16% do seu universo de votos. Muito pouco, quase nada.
Há um viés preocupante e outro otimista nisso tudo. O ceticismo do voto deliberado em um preso condenado mostra um certo desdém com as instituições democráticas, a percepção de que o jeitinho ainda pode reverter tudo de uma hora para outra. É de dar medo.
Por outro lado, o fato de que a vida segue prova que talvez não sejamos tão manipuláveis e dependentes do Estado e da política tradicional. Sabemos que somos melhores do que essa bandalheira, só não sabemos o jeito de acabar com ela. Parodiando o hóspede ilustre do bairro Santa Cândida, a arte do brasileiro é colocar a esperança em campo para vencer o medo – todo santo dia.
*Metodologia
A nova pesquisa Datafolha, que foi feita entre quarta, 11, e sexta-feira, 13, teve como base 4.194 entrevistas em 227 municípios. A margem de erro é de 2 pontos porcentuais para mais ou para menos e o nível de confiança é de 95%. A pesquisa está registrada no TSE sob número BR-08510/2018.
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