O presidente da Associação Brasileira LGBT, o paranaense Toni Reis, foi procurado por telefone pela petista Marta Suplicy. Confira material distribuído pelo próprio Toni a respeito da conversa. Ah, ele não critica a candidata no caso Kassab.
Ontem (15/10), às 16 horas, recebi um telefonema direto da candidata Marta Suplicy elogiando minha postura na mídia com relação ao fato de a campanha ter feito um comercial com várias perguntas sobre o candidato Gilberto Kassab, dentre elas “ele é casado? Ele tem filhos?”
O que declarei para a mídia (e declaro) é que Marta Suplicy tem um histórico inegável de defesa intransigente dos direitos da comunidade LGBT há muito tempo. Em 1995, quando não existia nenhuma parada LGBT no Brasil (hoje há 146), quando no Brasil tinha apenas 40 organizações (hoje tem pelo menos 302), ela sozinha foi quem entrou em defesa da nossa comunidade no Congresso Nacional.
O comercial, para mim, foi um deslize por parte da coordenação da campanha. Mas Marta Suplicy continuará na lista das personalidades mais aliadas da nossa comunidade. Ela tem um saldo muito grande com a gente.
Toni Reis
Presidente da ABGLT
Em junho, Toni concedeu entrevista ao blog sobre política e homossexualidade. Confira abaixo alguns trechos:
Não falta um homossexual assumido – fora o Clodovil – no Congresso Nacional?
Sim. Acho que precisaríamos ter mais parlamentares assumidos no Congresso Nacional, até porque Clodovil, com seu comportamento excêntrico, é contra as paradas LGBT. No Congresso há muitos, não assumidos. No Senado, segundo as línguas ferinas, tem oito, que se assumissem fortaleceriam a causa. Como diz o filósofo Pelé, a voz do povo é a voz de Deus, e onde há fumaça há fogo! Até dá para entender porque não assumem: uma pesquisa feita pelo Ibope mostrou que 56% dos eleitores trocariam o voto se soubesse que o(a) candidato(a) é gay ou lésbica.
O perfil geral do político brasileiro continua sendo o do machão homofóbico?
Não, embora ainda haja algumas espécies! Hoje é politicamente incorreto ser machista. O que há são alguns religiosos fundamentalistas que se utilizam da bíblia para discriminar a comunidade LGBT.
Aliás, você não acha que há homossexuais na política que deveriam sair do armário?
Cada um sabe a dor e a delícia de ser o que é. Assumir a homossexualidade ainda é um grande problema para muita gente, e pode comprometer a reeleição. Seria interessante que os(as) políticos(as) fossem felizes sexualmente, independentemente da orientação sexual ou identidade de gênero. Um(a) político(a) que esteja bem com sua sexualidade não vai se importar com a sexualidade do outro, vai respeitar.
Você já foi candidato pelo PT e não se elegeu. Gay não vota em gay?
Fui candidato em 1996, como parte de uma estratégia do Movimento LGBT nacional, de termos também visibilidade na política. Tive muitos votos de gays, sim, mas não o suficiente. O voto não se define somente pela orientação sexual ou identidade de gênero. No Paraná, por exemplo, 53% da população são mulheres, mas não temos nenhuma deputada federal.
Esse panorama é pior ou melhor no Paraná?
O Paraná, em termos do respeito à orientação sexual e identidade de gênero, está entre os melhores. Quatorze dos 226 integrantes da Frente Parlamentar pela Cidadania LGBT no Congresso Nacional são paranaenses. O estado mais complicado é o Tocantins, que não tem nenhum parlamentar na Frente. Na bancada federal paranaense temos apenas dois deputados que são homofóbicos, mas prefiro não declarar quem são!
Se fosse para criar um índice de homofobia por estados, os políticos paranaenses estariam em qual lugar?
O Paraná é o único estado da Região Sul que não tem uma lei que proíbe a discriminação por orientação sexual. 14 estados já têm essa lei. O estado mais participativo da Frente Parlamentar pela Cidadania LGBT é a Bahia, seguida do Rio Grande do Sul. O Paraná ficaria na média.