Há uma corrente significativa de historiadores paranaenses que costuma citar que a construção do núcleo do Centro Cívico, ao redor da Praça Nossa Sra. de Salete, serviu de inspiração à Praça dos Três Poderes, em Brasília.
Pode ser exagero, mas uma coisa é verdade: o conceito (original) de ambos os espaços é espetacular. Áreas livres, sem muros ou grades, que conectam as sedes dos poderes Executivo, Judiciário e Legislativo. E o mais importante, uma praça ao centro como “sede” da população – e para deixar claro que todo poder emana do povo.
“Eu queria que a Praça dos Três Poderes fosse um Versalhes, não um Versalhes do rei, mas um Versalhes do povo”, disse o arquiteto Lúcio Costa, idealizador do projeto urbanístico de Brasília.
Particularmente, acho a Praça Nossa Sra. de Salete muito mais aprazível do que a Praça dos Três Poderes, onde a falta de verde escalda qualquer manifestante (é só ver que a preferência é sempre protestar no lado da frente do Congresso).
Confesso, porém, que a praça curitibana foi perdendo charme para grades e estacionamentos para carros nas últimas décadas. Em 2011, parte das grades foi retirada, mas ainda há bloqueios para entrar na Assembleia. Nunca houve muros, muretas ou grades no Congresso Nacional.
Quase toda semana também há uma votação barra-pesada na Câmara ou no Senado. Há casos em que são impostas restrições de acesso às galerias. Há cenas da polícia legislativa se esfalfando com manifestantes (sejam índios, professores, servidores e inclusive policiais) todos os dias nos jornais.
Mas não é fácil se recordar de uma cena tão tenebrosa quanto a cerca de policiais armados no Centro Cívico para garantir as mudanças no fundo de previdência.
A votação desta semana em Curitiba vai deixar uma cicatriz profunda na história do Centro Cívico. Se a harmonia entre Executivo, Legislativo e a praça continuar sendo feita à força, é porque algo vai bem errado na democracia.
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Para saber um pouco mais sobre a construção do Centro Cívico, vale ler o belíssimo especial feito pelo jornalista Rafael Waltrick sobre os 60 anos das obras, publicado em 2013 pela Gazeta do Povo.
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