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A ida de Gustavo Fruet do PSDB para o PDT é o último movimento de um rearranjo das forças políticas do Paraná que vai perdurar muito. Após três décadas de rivalidade regional “triangular” entre os grupos de Alvaro Dias, Jaime Lerner e Roberto Requião, agora há uma polarização bem mais sintonizada com o cenário nacional. De um lado, o PSDB do governador Beto Richa, do outro, o PT dos ministros Gleisi Hoffmann e Paulo Bernardo.

Aos fatos.

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Lerner saiu de cena em 2002, mas permaneceu no jogo graças ao insistente trabalho de desconstrução de sua imagem feito por Requião ao longo dos últimos anos. Já Alvaro e Requião não perderam poder necessariamente por incompetência política, mas por estafa. Não há liderança que consiga permanecer para sempre na crista da onda sem se preocupar em fazer sucessores – José Sarney deu o exemplo, mas eles não seguiram.

É precoce, no entanto, dizer que os senadores já são cartas fora do baralho. Há duas semanas, por exemplo, o Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar listou a dupla entre os 100 parlamentares mais influentes do Congresso Nacional. O fato é que ambos lutam contra algo imbatível: o tempo.

Alvaro vai completar 67 anos em dezembro, enquanto Requião já chegou aos 70. Beto e Gleisi são mais de duas décadas mais novos – ambos têm os mesmos 46 anos. Fica a dúvida: qual dos dois vai ficar com a herança política deixada pelos mais velhos?
O espólio lernista já caiu no colo de Beto. Além disso, há tempos o governador vem acabando com as alternativas de Alvaro dentro do PSDB. Por último, cooptou o PMDB na Assembleia Legislativa e isolou Requião a uma tribuna de oposição que se resume ao Twitter.

Sobrou muito pouco para o PT nessa divisão. Requião continuará com seu (reduzido) espaço e não vai cedê-lo para ninguém. Com isso, a força dos petistas concentra-se em outras bases: o avanço do lulismo entre os mais pobres e a simpatia recente da classe média ao desempenho da presidente Dilma Rousseff.

Não é pouco. Há ainda a parceria com Osmar Dias (PDT), exilado momentaneamente após duas derrotas consecutivas para o governo do estado, mas que permanece com capital eleitoral. Por último, a tacada foi atrair Gustavo Fruet, que deve ser o primeiro candidato realmente competitivo apoiado pelo PT em Curitiba desde Angelo Vanhoni em 2000.

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O curioso em todas essas reviravoltas é que as figuras mudam, mas muitos dos hábitos permanecem. Beto joga com o sobrenome e impõe o familismo de sempre com a esposa e o irmão como principais secretários de governo. E Gleisi não seria Gleisi sem o marido Paulo Bernardo.

Existe, contudo, um ingrediente novo e interessante entre as velhas tradições paroquiais. A polarização está bem mais nítida. Além disso, ambos os lados estão sendo colocados à prova ao mesmo tempo e em questões práticas.

Beto acabou de assumir o estado e enfrenta o desafio de retomar o crescimento e reduzir os assustadores índices de criminalidade. Já Gleisi foi nomeada para a Casa Civil com a missão de recuperar o perfil gerencial do ministério. Ficará com louros de ações eficientes, mas também com os ônus dos erros.

Nesse aspecto, tudo caminha para uma disputa em alto nível. Comparar feitos e defeitos administrativos é bem melhor do que a briga mesquinha por currais eleitorais. Aliás, eleição não deveria ser concurso de beleza, nem de sobrenome.

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