Uma pesquisa superficial no Google mostra que Joaquim Barbosa vem se deparando com a pergunta do título deste texto várias vezes ao longo dos últimos anos. Em julho de 2013, ainda como presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), respondeu categoricamente em entrevista ao jornal O Globo que não. “Acho que ainda há bolsões de intolerância muito fortes e não declarados no Brasil. No momento em que um candidato negro se apresente, esses bolsões se insurgirão de maneira violenta contra esse candidato”, declarou.
Nesta quinta-feira (22/6), foi a vez dele próprio lançar a pergunta (sem responder, mas dando novamente a entender que não), em entrevista à jornalista Mônica Bergamo, na Folha de S. Paulo. Na mesma conversa, Barbosa abre o jogo e admite as discussões sobre candidatura presidencial, que envolvem de caciques da Rede de Marina Silva a artistas como Caetano Veloso e Fernanda Lima. Sim, essas movimentações provam que Barbosa é o candidato da esquerda hype e, não, o grosso do seu eleitorado não sabe que ele é desse time (para o Brasilzão do mundo real, ele ainda é o Batman que pôs os mensaleiros do PT na cadeia).
Segundo sondagem do Paraná Pesquisas, o ex-ministro é o favorito dos brasileiros para o caso de uma eleição indireta, feita pelo Congresso Nacional. No mesmo levantamento, quando ele é listado nas intenções de voto para eleições diretas, aparece tecnicamente empatado em terceiro lugar em dois cenários diferentes (oscila entre 8,1% e 8,7%).
O dado mais interessante da pesquisa, contudo, é outro: Barbosa é o nome com menos rejeição entre oito avaliados. Só 13,9% dos entrevistados disseram que “não votariam nele de jeito nenhum”. Como comparação, os mais rejeitados são Jair Bolsonaro (26,1%) e Lula (46,5%).
Superficialmente, a informação pode dar a percepção que o fato de ser negro não atrapalha Barbosa. É só uma percepção. Dá para contar nos dedos os negros que sequer conseguiram se candidatar a presidente desde a redemocratização.
O primeiro deles foi José Alcides de Oliveira, que concorreu pelo Partido Social Progressista. Oliveira costumava aparecer no horário eleitoral gratuito amordaçado e se dizia como o único representante popular do pleito. Fez 238.425 votos (0,33% do total) e acabou em 13º lugar.
Nada mais simbólico (para não dizer deprimente) que seu nome de campanha: Marronzinho.
A última e mais competitiva presidenciável negra foi Marina Silva. Aí entra outro componente curioso. Em setembro de 2014, no auge da campanha presidencial, a Reuters entrevistou mais de 20 negros em três cidades brasileiras. A maior parte deles disse que se sentiria orgulhosa com uma vitória de Marina, mas o que realmente interessava à maioria dos entrevistados era a questão econômica – e não de cor.
Barbosa estaria então superestimando o peso de ser negro? Não (o que não muda o fato de ele ainda não ter mostrado o que realmente pensa e pode fazer). Em um país que adora uma polarização (vide as duas décadas de PT x PSDB), a cor da pele certamente será usada da maneira mais espúria possível no submundo da internet. Se até o “satanismo” de Temer saiu dos esgotos em 2010 e 2014, imagine isso.
Moraes eleva confusão de papéis ao ápice em investigação sobre suposto golpe
Indiciamento de Bolsonaro é novo teste para a democracia
Países da Europa estão se preparando para lidar com eventual avanço de Putin sobre o continente
Em rota contra Musk, Lula amplia laços com a China e fecha acordo com concorrente da Starlink
Triângulo Mineiro investe na prospecção de talentos para impulsionar polo de inovação
Investimentos no Vale do Lítio estimulam economia da região mais pobre de Minas Gerais
Conheça o município paranaense que impulsiona a produção de mel no Brasil
Decisões de Toffoli sobre Odebrecht duram meses sem previsão de julgamento no STF