O texto a seguir é do amigo e jornalista Guido Orgis, que trabalha na editoria de Economia da Gazeta do Povo. Guido formou-se na UFPR comigo e é ferozmente contra a obrigatoriedade do diploma (para ver como esse blog é progressista e a favor da liberdade de expressão, se é que vocês me entendem):
Apesar dos números mirabolantes e das promessas de que o sistema financeiro global será consertado, a reunião dos líderes do G20 muda pouco a dinâmica da crise. Nada foi dito sobre os dois nós principais: como arrumar o sistema bancário no mundo rico, e como corrigir a falta de balanço no comércio.
Dois pontos presentes no comunicado do grupo são muito bem-vindos e farão alguma diferença no médio prazo. O aumento de recursos para o Fundo Monetário Internacional (FMI), embora talvez não chegue aos US$ 750 bilhões anunciados, dará mais agilidade para os programas de resgate, principalmente no Leste Europeu, onde os bancões do Oeste correm o risco de perder muito com o desarranjo cambial e fiscal resultante da crise. Além disso, o reconhecimento de que o protecionismo é um mau caminho coloca na agenda um item a ser cobrado dos países do grupo. Medidas protecionistas alargariam o tempo para a recuperação global, como ocorreu nos anos 30 – até o momento, aliás, ninguém apresentou argumento consistente de que o mundo seria melhor sem comércio.
A promessa de regulação das finanças atende a reivindicações antigas de países europeus, principalmente França e Alemanha, que há muito brigam com os paraísos fiscais que moram ao lado e tentam conter os hedge funds. Mas isso tem pouco a ver com a crise e só funciona se todos os países do mundo aderirem a um modelo internacional de transparência, algo que vai levar tempo. Critérios para limitar alavancagem e para o sistema contábil dos bancos só entram em vigor com a concordância dos países. É uma medida que pode ter efeitos para evitar uma crise futura, e não para corrigir o que já está acontecendo. O mesmo vale para a comissão que vai tentar antecipar futuras crises.
Pouco se falou sobre a recuperação do sistema bancário. Isso porque esta é uma questão nacional. Não é o G20 que vai convencer o presidente norte-americano Barack Obama a nacionalizar bancos, ou indicar o que fazer com os trilhões em títulos de valor duvidoso que intoxicam o setor bancário. Não por acaso, o governo americano anunciou seu plano para limpar US$ 1 trilhão de ativos podres poucos dias antes do encontro em Londres. É o ponto crucial para restaurar a confiança no mundo financeiro.
Também ficou de fora a falta de balanço nas transações entre as maiores economias do mundo. Os países com grandes superávits – China, Alemanha e Japão – acumulam crescimento por anos ao custo do consumo de outros países, em especial os Estados Unidos. Se mantido, este modelo apresentará mais problemas. O consumidor norte-americano está endividado e não deve voltar às compras tão cedo. É mais provável que a economia americana estabilize e só volte a crescer dentro de alguns anos.
Os países superavitários precisam fazer a sua parte, aumentando as importações para que outras nações possam aumentar a poupança. Há anos a China é pressionada a deixar flutuar sua moeda, claramente desvalorizada. O mundo precisa fazer uma escolha sobre o que fazer com o câmbio, descoordenado desde os anos 70.
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