Encerradas as eleições municipais, resta apenas uma breve parada antes da reta final da corrida para a presidência da República. Em fevereiro, Câmara dos Deputados e Senado escolherão novos presidentes. Será o momento decisivo para a definição dos protagonistas de 2010.
Será também a hora da verdade para a relação entre PT e PMDB. Antes coadjuvantes de um cenário que caminhava para a polarização entre petistas e tucanos, os peemedebistas têm agora reforçado o direito de falar grosso. Após 20 anos de encolhimento, o partido passa a comandar a maioria das cidades de 14 estados – em 2004 eram apenas 6.
No geral, a legenda elegeu 1.203 prefeitos em 2008, 148 (14%) a mais do que há quatro anos. Além disso, já tinha maioria entre governadores, deputados federais e senadores. O problema do partido, entretanto, sempre esteve nesse gigantismo.
Desde a redemocratização, o PMDB desenvolveu a personalidade do grandalhão desengonçado. Sobravam correntes internas, brigas pessoais, fisiologismo e faltava coordenação motora para unificar todo o poder vindo das urnas. A legenda terá três meses para provar que as coisas mudaram.
Turbinado pelos resultados municipais e principalmente pelas expressivas vitórias em Salvador, Porto Alegre e Rio de Janeiro, o partido dá toda pinta de que tentará eleger os presidentes do Senado e da Câmara. Segundo acordo firmado com o PT em 2006, os dois partidos deveriam se revezar na presidência das duas Casas. No biênio 2007-2008 o Senado ficaria com o PMDB e a Câmara com o PT, ordem que se inverteria em 2009-2010.
Historicamente, porém, o partido com maioria sempre teve o direito de ficar com a presidência. Ou seja, o PMDB poderia sim exigir a dobradinha. Não fez isso antes pela “parceria” (leia-se milhares de cargos em todos os escalões) com o governo Lula e pelo interesse de escolher o candidato a vice na chapa a ser apoiada pelo presidente em 2010.
Pois os últimos resultados incharam ainda mais o gigante, cujos olhos estão gordos como nunca. Em Brasília, comenta-se que Lula já estaria propenso a acatar o mimo peemedebista de manter o controle total do Congresso. Tudo pela paz em um período que deve ser turbulento por causa da crise econômica mundial.
A lição de casa do PMDB é avaliar se dois anos de comando do Legislativo valeriam mais do que a construção de um plano para chegar ao Palácio do Planalto, nem que seja em 2014 ou 2018. Acuado, Lula teria grandes chances de preterir um vice peemedebista – o governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, é ainda favorito – para escolher alguém menos “caro” politicamente, como Ciro Gomes (PSB-CE).
Cabe agora ao maior partido brasileiro definir se tem a verdadeira grandeza – e a verdadeira capacidade de união e negociação – para administrar o país.
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