Pedidos de intervenção militar (pode chamar de golpe) marcaram o desfile de 7 de setembro em Curitiba. Não é novidade, por todo país é a mesma coisa ao longo dos últimos meses. Uma atitude que, além de poder ser enquadrada como crime inafiançável, demonstra alguns outros desconhecimentos absurdos, como a ideia de que o Brasil sofre algum tipo de “ameaça comunista”.
Se você não teve oportunidade de ir à escola ou simplesmente nunca te avisaram sobre um tal muro que caiu em Berlim há 26 anos, é bom refletir sobre algumas informações básicas sobre o assunto:
1 – Tio, o que é comunismo?
Nem os comunistas trabalham com uma só definição (há inclusive comunistas cristãos e anarquistas). O conceito mais comum é da doutrina de Karl Marx: uma sociedade igualitária e sem classes, capaz de tomar decisões democráticas e baseada na propriedade comum dos meios de produção. Ah, e o objetivo do “comunismo puro” é o fim do Estado. Se Dilma e o PT tem uma dor no coração de cortar 10 ministérios, imagine de extinguir a Esplanada inteira…
2 – Afinal de contas, há países comunistas no mundo?
Grosso modo, o comunismo é idealizado como uma espécie de “céu”, sem Estado, o qual só pode ser alcançado após se passar pelo “purgatório” da exacerbação de um socialismo que prevê justamente o contrário – o fim da propriedade privada e o controle dos meios de produção pelo Estado. Sim, é bastante estranho. Ao pé da letra, nunca houve um país comunista puro. E o que há atualmente são cinco países com a hegemonia de apenas um partido que usualmente passaram a ser chamadas de comunistas por seguirem com mais rigidez o marxismo-leninismo – China, Cuba, Laos, Vietnam e Coreia do Norte. O número corresponde a 2,6% dos 193 países-membros da ONU.
3 – E os chineses são o quê?
O “comunismo” praticado especialmente na China está mais para um modelo de capitalismo de Estado do que para comunismo puro ou socialismo. É baseado numa forte intervenção do Estado da economia, ao invés da ideia de entregar o monopólio completo dos meios de produção ao Estado. Depois da queda do muro de Berlim, em 1989, e da dissolução da URSS, entre 1989 e 1991, falar em comunismo puro ficou obsoleto. Na prática, apenas dois países ainda adotam o conceito de economia planificada: Coreia do Norte e Cuba.
4 – Bolivarianos também comem criancinhas?
O histriônico Hugo Chávez falava da Venezuela como uma experiência do “Socialismo do Século XXI”. Há outras experiências da esquerda bolivariana (inspirada no libertador Simón Bolívar) na Bolívia e no Equador. Na verdade, são apenas governos populistas que usam um jargão de esquerda, baseados mais na demagogia que em qualquer outra coisa. Eles inspiram o PT? Sim, mas talvez seja mais o contrário – eles que se inspiram principalmente em figuras como Lula. Os bolivarianos são comunistas? Mais certo é falar que eles são só mais uma bizarrice da política latino-americana, sempre em busca de salvadores da pátria.
5 – O que eu ganho com a paranoia comunista?
Sei lá, talvez a sensação de voltar à emoção da Guerra Fria ou um pôster do Reagan. O fato é que soa meio ridículo acreditar que o PT, que nos últimos 12 anos ajudou os bancos a ter lucros recordes, que virou parceirão das maiores empreiteiras do Brasil, que entregou para a iniciativa privada um montão de estradas, é um defensor do comunismo-velho-de-guerra. Aliás, nem de longe este texto é uma defesa do comunismo. É só uma tentativa de mostrar que o mesmo sujeito que realmente acredita na paranoia comunista também pode perfeitamente acreditar que ainda há dinossauros andando por aí.
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