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Segue abaixo a coluna Conexão Brasília publicada na edição impressa da Gazeta do Povo desta segunda-feira:

Fora a barba, o cabelo e o sotaque, o Gustavo Fruet de 2011 se parece muito com o Osmar Dias de 2009. Mudam-se as datas e o roteiro da novela continua o mesmo. É a história do político identificado com o PSDB que, por força das circunstâncias, aproxima-se do PT.

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Mas será que os desfechos serão iguais?
Um ano e meio antes da última disputa para governador do Paraná, Osmar (PDT) engatou um namoro firme com o PT. Tudo motivado pela movimentação de Beto Richa (PSDB), que dava todos os sinais de que deixaria a prefeitura de Curitiba para concorrer ao Palácio Iguaçu. Após inúmeras idas e vindas, que como todo dramalhão envolveu dilemas familiares, o então senador só aceitou o casamento com os petistas a três meses da eleição.

Dali em diante, gastou mais tempo e credibilidade explicando os motivos de sua decisão do que mostrando propostas para o estado. Sem contar o “brinde” de ser apoiado pelo PMDB de Roberto Requião, rival na duríssima campanha de 2006. Deu no que deu.

No mês passado, Fruet se viu forçado a sair do PSDB porque percebeu que a cúpula do partido (leia-se Beto Richa) já havia tomado a decisão de apoiar a reeleição de Luciano Ducci (PSB) para a prefeitura de Curitiba. Solteiro na pista, o flerte com o PT foi inevitável. É cedo, no entanto, para prever um final idêntico ao de Osmar.

Primeiro porque o próprio Osmar tem servido de cupido na relação entre os dois lados. Ao abrir as portas do PDT a Fruet, ele oferece uma transição suave rumo aos petistas. Depois, porque o ex-senador tem lições do que não deve ser feito.

É Osmar, por exemplo, que está intermediando uma reunião decisiva entre Fruet e os ministros das Comunicações, Paulo Bernardo, e da Casa Civil, Gleisi Hoffmann. O encontro, que deve ser realizado nesta ou na próxima semana, marcará as bases de uma possível aliança.
Tudo bem mais planejado do que ocorreu na disputa para governador em 2010.

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Ainda não significará uma simples adesão de Fruet ao governismo federal. Essa transição (se for concretizada) ocorrerá de maneira gradual. A intenção é esgotar o assunto antes da campanha e evitar a tentativa de demonização da troca pelos adversários.

Há ainda outras distinções em relação às travessias de Fruet e Osmar. Fruet terá pela frente um oponente também em condições ambíguas. Afinal de contas, Ducci é do PSB, legenda parceira do PT desde a volta das eleições diretas, em 1989.

Além disso, Osmar carregava bem mais peso na bagagem durante a mudança. Havia o vínculo com a direita ruralista, que jamais conseguiu dissociar o petismo do MST. E também o parentesco com Alvaro Dias, o mais duro opositor do Planalto no Senado.

Apesar do prazo relativamente folgado (é necessário se filiar a um partido até o dia 7 de outubro), é inegável que Fruet enfrenta uma corrida contra o tempo. Na verdade, ele parece ainda nem ter decidido em qual legenda se filiar. Fala-se muito no PDT, mas o PV não teria sido descartado – aliás, sem Marina Silva, os verdes estão a um passo de cair no colo de Dilma Rousseff.

Nenhuma das opções, a princípio, inviabilizaria uma aliança com o PT. O que muda um pouco é a trajetória. Como demonstrou a lição recente de Osmar, uma rota sinuosa é bem mais propícia a acidentes.

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Construir um atalho 100% seguro, no entanto, é praticamente impossível. No fundo, as novelas (ficcionais e políticas) acabam sempre do mesmo jeito. O sucesso do personagem depende do papel que ele se dispõe a interpretar.

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