• Carregando...
Mestre Pop, vereador em Curitiba. Crédito: Divulgação CMC.
Mestre Pop, vereador em Curitiba. Crédito: Divulgação CMC.| Foto:
Mestre Pop, vereador em Curitiba. Crédito: Divulgação CMC.

Mestre Pop, vereador em Curitiba. Crédito: Divulgação CMC.

Há duas semanas eu e o colega Euclides Lucas Garcia quebramos a cabeça para tentar lembrar de algum parlamentar negro do Paraná que exerce atualmente mandato no Congresso Nacional, Assembleia Legislativa ou Câmara Municipal de Curitiba. Titubeamos em alguns poucos casos de pardos. Cravamos apenas no novato vereador curitibano Mestre Pop (PSC), para um universo de 125 vagas.

Queria entrevistá-lo sobre a proposta de emenda à Constituição (PEC 116/11), em tramitação na Câmara Federal, que cria cotas por cinco eleições seguidas. Pelo texto, a quantidade de vagas seria equivalente ao número de pessoas que se declararam negras ou pardas no último censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), não podendo ser menor que um quinto ou maior que a metade do total de cadeiras da Casa Legislativa. O critério para disputar a eleição como cotista seria a autodeclaração de cor.

Até surpreendentemente, Mestre Pop disse que era contra a PEC. “Não tiro o mérito de quem fez a proposta, mas acho que ela poderia criar mais preconceito. Se eu fosse pensar desse jeito, não teria sido eleito”, disse. E completou: “acho que essa é uma questão diferente das cotas para afrodescendentes nas universidades públicas, que é uma coisa que eu sou favorável”.

O vereador preferiu bater no critério de escolha dos partidos na hora de montar chapas. Tocou no ponto certo. Pelo modelo atual, tudo é decidido na base do caciquismo – elites partidárias que já chegaram o poder montam as melhores configurações para permanecer onde estão.

E como são essas elites? Ricas (ou enriquecidas com dinheiro público) e brancas. Também são compostas, claro, por muitos mais homens que mulheres.

Se um negro tem potencial para ajudar nesse esquema, ele é bem-vindo. Caso contrário, ele que vá procurar sua turma. A prática gera uma falsa sensação de democracia – você tem o direito de votar, mas desde que seja nos camaradas escolhidos pelos caciques partidários.

Enquanto eles protegem o status, os negros continuam no gueto da política brasileira.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]