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Crédito: Jonathan Campos/Gazeta do Povo
Crédito: Jonathan Campos/Gazeta do Povo| Foto:
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No dia 8 de junho de 2011, Gleisi Hoffmann assumiu o cargo de ministra da Casa Civil. A escolha da petista para a pasta que coordena a administração federal pegou de surpresa o mundo político e, é claro, atingiu em cheio o Paraná. Havia algo tão desconcertante no ar que o governador tucano Beto Richa desbancou-se a Brasília para prestigiar a posse.

Richa estava há seis meses no Palácio Iguaçu. Em 2010, havia ganhado a eleição no primeiro turno graças a um discurso de renovação e à popularidade alcançada como prefeito de Curitiba. Gleisi já era apontada como a adversária natural na campanha pela reeleição, mas ainda faltava muito para 2014.

Entrevistei Richa na cerimônia. Questionado sobre a relação que pretendia manter com a nova ministra, disse que “trabalhar em parceria é obrigação”. E foi além:

“Definitivamente, posso ajudar como governador a acabar com a autofagia que sempre acometeu nosso estado. Minha presença aqui hoje é um gesto para que possamos acabar com a politicagem, com essa visão míope, curta, de que sempre é necessário derrubar um adversário que está crescendo.”

Dois dias depois, a exclusiva foi com Gleisi. A petista ressaltou que estava deixando o Senado, mas não os compromissos que havia firmado com os eleitores paranaenses. Falou em “enaltecer muito o estado”:

“Vamos ver de que forma a gente pode melhorar a inserção do Paraná em programas e projetos. Com certeza eu vou conversar com o governador, com nossos prefeitos, para ver a melhor forma.”

Há uma semana, Gleisi deixou a Casa Civil. Richa não estava na cerimônia. E as declarações feitas há dois anos e oito meses nunca passaram de declarações.

O relacionamento construído ao longo desse período foi o pior possível. Desde 2012, consolida-se uma agenda de puro atrito entre governo federal e estadual.

O fato concreto por trás da discussão política é que as contas estaduais passaram por um crescente processo de deterioração, até a revelação de que as dívidas com fornecedores chegaram a R$ 1,1 bilhão no mês passado. De quem é a culpa? Depende da versão.

Segundo Richa, a situação é fruto da diminuição dos repasses federais obrigatórios e da demora na liberação de R$ 3,3 bilhões em empréstimos que dependem do aval da União. Para Gleisi, o problema está na incapacidade administrativa do tucano. O jogo de gato e rato tem tudo para prosseguir durante a campanha.

Difícil, por enquanto, mensurar o quanto isso é relevante para o eleitor. Deve ter gente disposta a ver Richa como refém do governo federal, enquanto outra parcela não deve acreditar na condição de coitadinho do governador do quinto estado mais rico da federação. O certo é que uma grande parcela não está interessada no dilema Tostines – afinal, o Paraná não consegue aval federal para empréstimos porque está mal das pernas ou está mal das pernas porque não consegue empréstimos?

Esse eleitorado pode cair no colo de um terceiro candidato – talvez Roberto Requião (PMDB). Seria mais uma prova de como a política paranaense anda em círculos: os nomes da “renovação” sendo engolidos pela autofagia que eles pareciam combater.

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