Políticos do Paraná e seus respectivos marqueteiros estão quebrando a cabeça para digerir os resultados das pesquisas de aprovação após as manifestações. Tem gente brigando violentamente com os números, querendo convencer que escapou do descontentamento popular. O fato é que a situação ficou ruim para todo mundo.
Na quinta-feira, estudo do Ibope encomendado pela Confederação Nacional da Indústria mostrou que 41% dos paranaenses consideram ótima ou boa a gestão do governador Beto Richa (PSDB). 29% acham a mesma coisa do governo Dilma Rousseff. Na comparação com outros dez governadores, Richa foi o segundo mais bem avaliado nesse quesito, atrás do pernambucano Eduardo Campos (PSB).
Pré-candidato a presidente, Campos ficou com 58% de bom e ótimo e foi o único ponto fora da curva entre todos os avaliados – os demais tiveram índices abaixo de 50%. Nesse caso, os 17 pontos porcentuais de diferença para Richa comprovam que o segundo lugar significa ser apenas o primeiro dos últimos.
Ontem veio a sondagem do Paraná Pesquisas publicada pela Gazeta do Povo, com números somente de Curitiba e uma abordagem diferente – a pergunta é se o eleitor aprova ou não as administrações federal, estadual e municipal. 54,56% dos entrevistados disseram aprovar a gestão do prefeito Gustavo Fruet (PDT), 53,37% a de Richa e 32,22% a de Dilma. Está pior para a presidente, porém vale lembrar que ela já penou com os curitibanos em 2010, quando perdeu os dois turnos para José Serra (PSDB) na cidade. No mesmo ano, a capital foi o motor da vitória de Richa.
O cruzamento de outros dados do Ibope mostra que o governador teria dificuldades para se eleger no primeiro turno – embora 52% dos paranaenses aprovem a maneira dele governar, 44% dizem não confiar em Richa e 73% consideram que ele e seus secretários gastam o dinheiro público mal ou muito mal. Para um candidato à reeleição, não vencer a parada de cara é arriscadíssimo. Significa que ele não conseguiu convencer a maioria da população de que fez um bom governo e que, no segundo turno, vai depender mais da rejeição do adversário do que dos próprios méritos.
O trunfo do governador é que o terremoto dos protestos chacoalhou com a mesma intensidade os possíveis oponentes de 2014. É óbvio que a queda vertiginosa da popularidade de Dilma tem impacto direto na candidatura da ministra da Casa Civil, Gleisi Hoffmann (PT). Se antes esse era o diferencial positivo da petista, agora é o negativo.
Outro possível nome da oposição estadual seria o ex-senador Osmar Dias (PDT), atual vice-presidente de agronegócios do Banco do Brasil. O problema é que ele também é do time de Dilma. E se está complicado para Gleisi, está complicado para Osmar.
Por último, há a eterna candidatura de Roberto Requião (PMDB). Desde 1990, ele só não participou de duas eleições ao Palácio Iguaçu – em 1994 e 2010, quando não podia concorrer à reeleição. A dúvida é saber como, no auge dos protestos pela eficiência dos gastos públicos, o peemedebista conseguiria conciliar a candidatura com a pensão que recebe como ex-governador.
Mais algum nome pode surgir no meio do caminho? Há ambiente, mas o tempo é escasso. A situação caminha para uma disputa entre velhos conhecidos. Quem se reinventar melhor até outubro de 2014 tem mais chance de ganhar.
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