Coluna Conexão Brasília publicada hoje na edição impressa da Gazeta do Povo:
Orlando Pessuti fez jogo duro o quanto pôde para ser candidato a governador. No começo, chegou até a empolgar o hoje desafeto Roberto Requião, depois emplacou um lobby com Michel Temer e a direção nacional do PMDB, até conseguir uma audiência em Brasília com Lula. No final, valeu o consenso de que seria melhor fechar aliança em torno de um só nome governista, ou seja, Osmar Dias (PDT).
Pois Pessuti poderia ter sido a boia de salvação para evitar uma disputa que deve se resolver em um só turno. Segundo a pesquisa RPC/Ibope divulgada na última quinta-feira sobre a corrida pelo Palácio Iguaçu, Beto Richa (PSDB) começa a abrir uma margem folgada para vencer já no dia 3 de outubro. O tucano aparece com 59% dos votos válidos contra 40% do pedetista.
O que realmente minou Pessuti foi a tese de que ele tiraria mais votos de Osmar do que de Beto. O certo, contudo, é que ele morderia ao menos um pedaço do eleitorado do ex-prefeito. Estima-se que o peemedebista começaria a campanha 12% a 15% das intenções de voto, o que parece pouco, mas faria diferença.
Nas duas únicas vezes em que a eleição paranaense foi decidida no primeiro turno o cenário foi muito parecido ao atual. Em 1994, houve só dois candidatos fortes: Jaime Lerner (então no PDT) e Alvaro Dias (então no PP). Lerner atingiu 54,85% contra 38,55% de Alvaro, enquanto os demais quatro concorrentes não passaram dos 6% dos votos válidos.
Em 1998, aconteceu a disputa com o menor número de concorrentes das últimas duas décadas. Júlio de Jesus (PSTU) e Jamil Nakad (Prona) somaram apenas 1,9% dos votos válidos e não serviram nem como coadjuvantes. Lerner (que havia mudado para o PFL) fez 52,2% e impôs a única derrota eleitoral da carreira de Requião, que teve 45,9%.
As duas eleições seguintes tiveram segundo turno graças a disputas radicalmente diferentes. Em 2002, foram 12 candidatos. Enquanto Alvaro e Requião chegaram despontaram com 31,4% e 26,1% dos votos válidos, respectivamente, Padre Roque (PT), Beto Richa (PSDB) e Rubens Bueno (PPS) somaram juntos 40,5%.
Em 2006, Requião e Osmar polarizaram a eleição desde o começo, mas disputaram o primeiro turno contra dois coadjuvantes com alguma relevância eleitoral. Flávio Arns (então no PT) teve 9,3% dos votos válidos e Rubens Bueno, 8,07%. Os votos de ambos foram disputados palmo a palmo no segundo turno e o resultado foi a eleição mais disputada de todos os tempos no estado, vencida por Requião graças a uma diferença de 10 mil votos.
Mas não é apenas do ponto de vista numérico que a candidatura de Pessuti poderia ter beneficiado Osmar. Ao receber o apoio do PMDB, o senador herdou o vínculo com Requião. E depois da pancadaria de quatro anos atrás, ver os dois juntos tornou-se o fato mais chocante desta campanha.
Com um candidato peemedebista, ambos manteriam uma distância mais saudável entre si. E aí até poderiam estar juntos no segundo turno, o que não seria tão bizarro. Era exatamente isso que Pessuti tanto pregava e que poucos levaram a sério.
Resta saber agora quem ri por último. Por via das dúvidas, Pessuti foi passar uns dias na Disney.
*A pesquisa Ibope foi realizada entre os dias 23 e 25 de agosto, com 1.008 entrevistas e margem de erro de 3 pontos porcentuais para mais ou para menos. Ela foi registrada no TSE sob número 25.671/2010.
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