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De passagem por Brasília na última quarta-feira, Ratinho Júnior (PSC) desviou de qualquer polêmica sobre as eleições de 2014. Nas entrelinhas, deixou escapar que a ideia (por enquanto) é candidatar-se a deputado estadual e rejeitar as propostas de PMDB e PSB para mudar de partido. Sobre o que realmente quer para o futuro, abriu o jogo: “não abro mão de ser candidato a governador em 2018”.

A declaração ajuda a explicar muita coisa. Ratinho apareceu como novidade na disputa pela prefeitura em Curitiba, em 2012. Surpreendentemente, ganhou o primeiro turno e fez 39,35% dos votos válidos no segundo, quando perdeu para Gustavo Fruet (PDT).

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Ainda durante a campanha, algumas decisões começaram a nortear o “Plano 2018”. De aliado do PT, costeou-se para o lado do governador Beto Richa (PSDB). Saiu da disputa rompido com a petista Gleisi Hoffmann e, quatro meses depois, entrou para o primeiro escalão do tucano, como secretário de Desenvolvimento Urbano.

A estratégia casa perfeitamente: se Richa vencer Gleisi no ano que vem, Ratinho desponta como candidato governista para a sucessão seguinte. No meio do caminho, em 2016, ainda cabe um segundo round contra Fruet em Curitiba. E uma disputa não inviabiliza a outra.

Nessa conjuntura com vista para 2018, há três fatores favoráveis a Ratinho. O primeiro deles é a idade. Os 32 anos do secretário permitem que ele faça tranquilamente cálculos de longo prazo e consiga corrigir rumos, enquanto a mesma passagem do tempo é implacável contra adversários tradicionais como Roberto Requião (PMDB) e os irmãos Alvaro (PSDB) e Osmar Dias (PDT).

Em segundo lugar, Ratinho construiu um capital político independente. Ao trocar o PPS pelo PSC, em 2007, ergueu uma legenda do zero. Em 2010, quando foi o deputado federal mais votado do estado, arrastou mais três colegas do partido para Brasília – o que garantiu a terceira maior bancada do Paraná na Câmara, atrás apenas de PMDB e PT, com seis e cinco parlamentares, respectivamente.

Por último, Ratinho (ainda muito em função do legado do pai famoso) esbanja popularidade. Sondagem do Paraná Pesquisas publicada há duas semanas pela Gazeta do Povo mostrou que ele seria o adversário mais difícil para Richa em 2014, na frente de Gleisi. Além disso, deixa inclusive o governador para trás na preferência do eleitorado de Curitiba e região metropolitana.

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Se por um lado há todos esses trunfos, por outro existe uma porção de percalços inevitáveis na trilha desenhada por Ratinho. O mesmo PSC moldado por ele no Paraná é o partido do pastor Marco Feliciano em Brasília – e que promete lançar um líder religioso como candidato a presidente no ano que vem. Discurso ultraconservador pode até ser bom para eleger deputado, mas não constrói maioria em eleição majoritária.

Aliás, o preconceito contra a falta de experiência e o “populismo” de Ratinho presente na reta final da última eleição curitibana também não se dissiparam de uma hora para outra. Ainda vai ser necessário ralar muito para provar em definitivo que ele não nasceu de uma tentativa do pai rico de exercer influência política. O antídoto é mostrar habilidades como gestor, mas talvez a secretaria de Desenvolvimento Urbano não seja uma vitrine tão eficaz nesse sentido.

Ao final das contas, Ratinho é hoje uma realidade, uma peça-chave em qualquer tabuleiro eleitoral paranaense. Se vai continuar sendo, é outra história. Como dizia o ex-governador mineiro Magalhães Pinto, política é como nuvem: você olha e ela está de um jeito; olha de novo e ela já mudou.