Não é preciso ser um gênio da análise política para dizer que cada um dos 45 centavos de aumento na passagem do ônibus em Curitiba vai custar milhares de votos para a reeleição do prefeito Gustavo Fruet (PDT), ano que vem. Seria assim com qualquer outro político, em qualquer outra capital brasileira.
A questão é que, em Curitiba, toda eleição anda de ônibus. Três vezes governador do estado, Roberto Requião (PMDB) desabrochou com sua ideia da “frota pública”, nos anos 1980.
Mas ninguém bombou tanto em cima do transporte coletivo quanto Beto Richa (PSDB). Até janeiro de 2004, o tucano era um discreto vice-prefeito quando fez a jogada de mestre que mudou a sua trajetória.
Naquele janeiro, o prefeito Cassio Taniguchi (então no PFL) autorizou um reajuste de R$ 1,65 para R$ 1,90 na passagem e viajou para o exterior. A mudança passou a valer em um domingo. Richa assumiu e cancelou o aumento na terça-feira, com apoio do então governador Roberto Requião (PMDB).
A mágica não durou três meses. Assim como a novela atual, Taniguchi suspendeu a integração com as demais cidades da região metropolitana e a passagem subiu para R$ 1,70 na capital. A integração foi recomposta em abril, com todas as tarifas a R$ 1,90.
Richa “rompeu” com Taniguchi e se cacifou como candidato de “oposição” naquele ano. O resto da história, todo mundo conhece.
E, para lembrar direito do que aconteceu naquela época, vale ler o brilhante texto da jornalista Rosana Félix. O título já diz tudo: 2004, a eleição vencida por R$ 0,25