Michel Temer é o primeiro presidente denunciado por corrupção no exercício do cargo. Algo suficiente para defini-lo como um verdadeiro “campeão”. É surrado fazer a comparação, mas inevitável: se fosse o líder de um país com valores democráticos um pouco mais refinados (e não precisa ser nenhum país nórdico), já teria tomado o caminho da roça faz tempo.
Mas Temer, pelo que a experiência dos últimos dias demonstra, tem um poder de resiliência quase sobrenatural. A segurança do pronunciamento de terça-feira (27/6), em que invocou até como Deus resolveu colocá-lo no cargo, passa a percepção de que ele TEM CERTEZA de que não vai cair. Pelo menos três pontos indicam que ele tem total razão.
1 – Quem tem amigos têm tudo nessa vida
O baixo clero baixa em peso no Palácio do Planalto para acompanhar os pronunciamentos de Temer. Do ladinho do púlpito, na terça-feira, estava Raquel Muniz (PSD-MG). A deputada federal foi aquela que citou, durante o voto a favor do impeachment de Dilma Rousseff, que seu marido “mostrava que o Brasil tem jeito”. O homenageado, Ruy Borges, prefeito de Montes Carlos (MG), foi preso por envolvimento em um escândalo de corrupção no dia seguinte à sessão.
Temer sobrevive porque, como escrito neste blog, o Brasil foi sequestrado pelo Congresso e não tem a mínima ideia de como sair do cativeiro. Como Temer anda com a chave do Parlamento no bolso, se ele não abrir a porta, continuamos confinados. O atual presidente transformou-se na peça de um esquema bem mais amplo de autoproteção da “elite” política contra a Lava Jato.
Ironicamente, o semiparlamentarismo de Temer ajuda indiretamente a turbinar a tese do coitadismo do PT. Quanto mais o peemedebista chafurda, mais os petistas voltam a respirar. Não à toa Lula permanece liderando as pesquisas presidenciais, seguido agora por Jair Bolsonaro (PSC). Talvez aí esteja o maior desserviço de Temer.
2 – A família Temer tem razão: fantasmas rondam a Presidência
Ao mesmo tempo em que conta com a solidez da grande famiglia do baixo clero, Temer conseguiu neutralizar outras forças que poderiam se colocar como alternativa para substituí-lo. Enquanto para o PT quanto mais confusão melhor, para o PSDB pleitear a Presidência neste momento virou um martírio.
Com a derrocada de Aécio Neves, o senador Tasso Jereissati esboçou lançar-se como um nome para eleição indireta, mas logo voltou para a toca. Foi minado pela ala de Geraldo Alckmin, que não se sabe de onde tirou a ideia de que apoiar Temer pode ser uma boa plataforma para 2018. Faria sentido se o PMDB fizesse o “serviço sujo” de aprovar as reformas (necessárias), mas impopulares.
Ninguém com um pouco de credibilidade de fora do atual quadro político tampouco sentiu-se à vontade de se oferecer publicamente para o Planalto. Falou-se em Nelson Jobim, mas ele logo caiu fora. Temer confidenciou a Joesley Batista que há fantasmas no Palácio da Alvorada e parece que muita gente pode ter medo deles.
3 – Vamos falar a verdade: não estamos nem aí para o Temer
Temer acaba de atingir a mais baixa popularidade para um presidente desde o governo Sarney, segundo o Datafolha. Uma questão ainda não respondida, contudo, é a seguinte: as pessoas não gostam de Temer ou elas simplesmente não estão nem aí para ele? Particularmente, não tenho medo de cravar a opção número dois.
O trauma do impeachment provocou uma exaustão das paixões políticas. Temer, como bem definiu o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, é uma “pinguela” para 2018. Havia um consenso de que, desde que ele não criasse os mesmos transtornos de Dilma, poderia tocar uma vida governamental modorrenta até o fim do mandato.
Até que apareceu um sujeito chamado Joesley para complicar a história. A maioria pode até preferir que Temer caia. Mas é só uma preferência, não uma necessidade. Porque trocar de presidente, como bem aprendemos nos últimos anos, é um negócio que dá muito trabalho.
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